Hoje, a AMI faz 39 anos!

39 anos… Quando penso na longevidade da AMI, sinto um misto de orgulho e de inquietação.

Sabia que era possível um mundo melhor, mas que era preciso lutar por ele e, por isso, em 1984 fundei a AMI. A ação desenvolvida, desde então, obviamente que não a realizei sozinho. Hoje somos uma equipa de mais de 200 pessoas a trabalhar para melhorar a vida de milhares de seres humanos em Portugal e no Mundo.

Hoje a AMI celebra o seu 39.º aniversário. É uma organização amadurecida, mas com muita energia e jovialidade para enfrentar os desafios presentes e futuros. E tantos que são…

Durante este ano, apenas, foram muitos os cenários de emergência que exigiram a nossa intervenção. Continuámos a prestar apoio aos refugiados ucranianos em Portugal e no mundo, e como se não bastasse uma guerra prestes a completar 2 anos, o colapso da barragem Kakhovskaya HPP na região de Kherson provocou a deslocação de milhares de pessoas.

Estava o ano apenas a começar, quando um terramoto devastou a Turquia e a Síria. Com a organização local Syria Relief & Development e o apoio da sociedade civil portuguesa, conseguimos apoiar os dois países com assistência médica e abrigo para as populações afetadas.

Em setembro, a Terra voltou a tremer e, em Marrocos, o sismo de dia 8 teve consequências avassaladoras, provocando a morte e a deslocação de milhares de pessoas. Prevendo um Inverno rigoroso, conseguimos instalar casas temporárias, mas adequadas às intempéries da época mais fria do ano.

E como se não fossem tragédias suficientes, entre estas e muitas outras que deixaram de ocupar lugar na agenda mediática, o conflito no Médio-Oriente reacendeu, causando milhares de vítimas inocentes, às quais seria desumano ficar indiferente. Por isso, estamos a trabalhar com uma organização local para levar água, alimentos, kits de higiene e outros bens de primeira necessidade à população palestiniana no sul da Faixa de Gaza.

Em Portugal, estamos presentes há quase 30 anos, e este foi também um ano desafiante com o agudizar da crise económica e social. Os pedidos de ajuda aumentaram 33% só no primeiro semestre e são cada vez mais as pessoas em situação sem-abrigo que recorrem ao nosso apoio. Os pedidos de bolsas de estudo registaram também um acréscimo de 32% em relação ao ano anterior.

Estamos quase a chegar ao Natal e a nossa Missão Natal pretende proporcionar uma quadra mais justa e feliz às pessoas que apoiamos, não por ser Natal, mas porque as pessoas precisam de ajuda ao longo de todo o ano.

Comecei por dizer que me sentia dividido entre os sentimentos de orgulho e de inquietação perante os quase 40 anos da AMI. Orgulho por conseguirmos apoiar tantas pessoas em Portugal e no mundo e por não abdicarmos do nosso sonho de contribuir para um futuro melhor. Inquietação, porque quando criei a AMI há 39 anos, sonhei com a possibilidade do nosso trabalho deixar de ser necessário, porque em quase quatro décadas, teríamos alcançado um mundo mais justo. Talvez tenha sido ingenuidade minha, mas eu prefiro acreditar que esse ainda é um sonho possível.

Ainda há muito por fazer, é certo. Por vezes, o cansaço também se apodera de nós e a frustração não nos é desconhecida, mas por cada vida que melhoramos, vale a pena. Por cada pessoa que consegue um emprego, uma casa, acesso à saúde, à educação, a uma alimentação melhor e a água potável, por cada passo que damos para proteger o planeta. A AMI é feita de pessoas para pessoas e é por elas que a Missão continua.

Obrigado por sonharem connosco há 39 anos.

Um abraço amigo,

Fernando de La Vieter Nobre 
Presidente e Fundador da AMI 


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