Desde 1994, a AMI já acompanhou 85.307 pessoas em situação de pobreza e exclusão social em Portugal. Neste total, 2023 representa um dos períodos mais difíceis, com 11.138 pessoas acompanhadas, um aumento de 11% face a 2022. Um aumento que apenas tem comparação com o período de 2010 a 2015, quando se instalou a última grande crise em Portugal.
Após um decréscimo da população em situação de sem-abrigo acompanhada pela AMI entre 2019 e 2021, nos dois últimos anos aumentou o número de casos.
Atualmente, as pessoas em situação de sem-abrigo representam 12% dos beneficiários da AMI. Em 2023, a Fundação acompanhou um total de 1.350 pessoas em situação de sem-abrigo, mais 5% que no ano anterior, das quais 486 são novos casos, o que corresponde a um aumento de 21%. Recorde-se que em 2022 a AMI acompanhou um total de 1.285 pessoas em situação de sem-abrigo, o que na altura já representou um aumento de 18% face a 2021.
A maioria dos beneficiários da AMI em situação de sem-abrigo são do sexo masculino (79%) e têm idade compreendida entre 40 e 59 anos. Quanto ao estado civil, 68% são solteiros, divorciados ou viúvos e apenas 10% estão casados ou em união de facto.
Quanto à naturalidade é, sobretudo, portuguesa (67%), mas foram acompanhados 370 imigrantes em situação de sem-abrigo, mais 35% face a 2022. Entre a população imigrante em situação de sem-abrigo que recorreu aos serviços da AMI, 34% é proveniente dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, 19% de outros países africanos, 5% de países da União Europeia e a maioria, 41%, de uma lista alargada, que inclui desde o Bangladesh, à Índia, Venezuela e Brasil, entre outros.
Do total de pessoas em situação de sem-abrigo acompanhadas apenas 650 (48%) têm recursos económicos formais. Para 44% os recursos provêm do Rendimento Social de Inserção, 11% tem rendimentos provenientes de uma reforma, 11% têm um salário fixo ou variável, 9% subsídios e apoios sociais e 5% de pensões. E 640 pessoas têm recursos provenientes do apoio de familiares (17%), de amigos (18%) ou da mendicidade (7%).
Como principais motivos da situação de sem-abrigo 33% das pessoas referem o desemprego, 25% a ausência de suporte familiar, 14% a insuficiência financeira, 13% o despejo ou desalojamento, 9% dependências de álcool ou de substâncias psicoativas.
Desde 1999, a AMI já acompanhou 13.535 pessoas em situação de sem-abrigo e se nesta área a fundação regista, atualmente, um número crescente de pedidos de apoio, o mesmo acontece com a população em geral.
Pedidos de apoio aumentam. Porto com situação mais complexa
Desde 1994, a AMI já acompanhou 85.307 pessoas em situação de pobreza e exclusão social. Neste total, 2023 representa um dos períodos mais difíceis, com 11.338 pessoas acompanhadas, das quais 2.663 representam novas situações, o que significa um aumento de 11% no número de casos face a 2022. Um aumento que apenas tem comparação com o período de 2010 a 2015, quando se instalou a última grande crise em Portugal.
Na Área Metropolitana do Porto, 4.372 pessoas (sobretudo imigrantes e famílias isoladas ou monoparentais) recorreram aos equipamentos sociais da AMI, o que representa um aumento de 25% face a 2022. Já na Área Metropolitana de Lisboa registaram-se 4.839 casos (apenas mais 2%). Em Coimbra, recorreram ao Centro Porta Amiga 797 pessoas (mais 12% que no ano anterior), sendo este número influenciado pela população imigrante que procura apoio naqueles serviços da AMI. Nos Açores registaram-se 727 pedidos de apoio (um aumento de 3%).
Num ano marcado pela crise económica e social, apenas na Madeira houve uma diminuição dos pedidos de apoio, registando-se 420, menos 13% face a 2022.
O apoio alimentar mantém-se como o serviço mais procurado. Tal se deve, sobretudo, à tentativa de aliviar o orçamento familiar de forma imediata. Dos equipamentos sociais ao apoio domiciliário, em 2023 foram servidas 171.619 refeições, mas, desde 1997, já foram servidas mais de 4,3 milhões de refeições.