“Sinto que estou a plantar o futuro” 

ecoetica dia da arvore

O Pinhal de Leiria está a renascer, centímetro a centímetro, com a replantação de pinheiro-bravo pelas mãos de centenas de voluntários. Desde 2017, através do projeto Ecoética da AMI foram reabilitados 18 hectares de terreno público em ações acompanhadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Texto Ana Martins Ventura | Fotografia José Ferreira

Santos, Felicia e Adid olham para a imensidão da Mata Nacional de Leiria e imaginam como seria antes dos incêndios de 2017, que consumiram 86% do pinhal semeado há 700 anos. A viver em Portugal desde setembro, a família com origens goenses e indianas já passou por diferentes países onde também acompanhou projetos ligados à preservação ambiental. Em Portugal, fazem a sua primeira ação de reflorestação com a AMI, no âmbito da campanha “Vamos Pintar Portugal de Verde”. Uma campanha que assume os valores do projeto Ecoética, que, desde 2017, já permitiu reabilitar 18 hectares de área ardida na Mata Nacional de Leiria.

Mudaram-se do Kuwait para Portugal por motivos profissionais e para que o jovem Adid prosseguisse com o seu plano de estudos, na área do ambiente. “No Kuwait já fazia ações de proteção ambiental, sobretudo ligadas ao lixo abandonado em praias e, em Portugal, com as mãos na terra, sinto que estou a plantar o futuro”, explica Adid.

Em terras lusas, o futuro ecologista espera ter a oportunidade de contactar mais com a natureza, a sua grande paixão, desde as montanhas às zonas costeiras. A reflorestação era algo que queria experimentar há muito tempo para “conhecer todo o processo de renascimento de uma floresta, desde a escolha das árvores ao modo como são plantadas e acompanhadas nos primeiros anos”.

Para concretizar aquela que acredita ser a missão da sua geração “mudar algo no futuro do planeta recuperando os estragos que foram feitos na natureza”, Adid conta com os projetos humanitários a que está a ter acesso através da PaRK International School, como a ação da AMI que desafiou estudantes e as suas famílias, assim como professores, a plantar 450 mudas de pinheiro-bravo na Mata Nacional de Leiria.

A mesma missão ambiental é procurada por Darius Augustyniak. A viver em Portugal com a família há um ano, o engenheiro da Nokia defende que “precisamos cuidar mais do nosso planeta, mas, infelizmente as pessoas não estão a fazer o suficiente, mais preocupadas com o seu próprio conforto”.

Através da Carlucci American International School of Lisbon, os filhos estão a aprender que “somos devedores do planeta terra”, assim como ele sente que “as gerações mais velhas devem algo ao futuro das crianças”.

Susana Alves, Maria Cano e Berta Mota, professoras de Português e José Rocha, professor de Biologia, fazem parte do clube EcoLution da Carlucci American International School of Lisbon, “totalmente dedicado à consciencialização sobre o ambiente”. Em dia de ação de reflorestação da AMI fizeram questão de acompanhar os alunos e as famílias que aceitaram o desafio. Para José Rocha, mentor do EcoLution, “o ambiente deve ser, hoje, mais do que nuca, uma área de estudo e de ação cívica indispensável nas escolas”.

Depois de plantar também é preciso salvar

Terminado o plantio de 450 de novas mudas de pinheiro-bravo, daqui a um ano o talhão número 316 da Mata Nacional de Leiria terá uma nova intervenção, para que seja feita a retancha. Compromisso assumido pela AMI, as novas árvores plantadas nunca ficam esquecidas. “Após o plantio, durante cinco anos é feita uma monitorização da jovem floresta que está a nascer”, explica Cristina Gomes da empresa Abramud e Sentido Verde, parceira da AMI na reflorestação da Mata Nacional de Leiria.

Devido às condições climatéricas e também à aridez dos terrenos da Mata Nacional de Leiria, “é muito comum uma percentagem elevada de árvores morrerem nos primeiros anos de fixação, sendo necessário replantar”.

Mais adiante, no talhão número 18 da Mata Nacional de Leiria, junto à Praia da Vieira de Leiria, as condições são ainda mais adversas para o crescimento de novas árvores. Os pinheiros que ali começaram a ser plantados há 700 anos tinham precisamente a função de conter o avanço das areias das dunas. Desde o incêndio de 2017, naquela área apenas existe vegetação rasteira e “devido aos ventos e aridez do terreno, 30% dos pinheiros-bravos plantados na primeira ação da AMI na Praia da Vieira de Leira não sobreviveram”.

É aos bastidores do crescimento dos novos pinheiros-bravos que um grupo de voluntários do Millennium BCP dedicou um pouco do seu tempo.

António Silvestre, da área de Sustentabilidade do Millennium BCP, aponta que “é dever das empresas e instituições investir em soluções para problemas que afetam a vida das pessoas, como a sustentabilidade ambiental”.

Em 2020, o Millennium apoiou o plantio de cinco mil mudas de pinheiro-bravo em cinco hectares de terreno, junto à Praia da Vieira de Leiria, quase quatro anos depois regressou com 33 voluntários para acompanhar o crescimento da jovem floresta que vingou e plantar novas mudas onde as anteriores não sobreviveram.


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