Senegal: uma parceria de variados projetos

A AMI chegou ao Senegal em 1996 numa lógica de estabelecer parcerias com organizações locais e assim prestar-lhes apoio técnico-financeiro em distintas áreas de intervenção. A capital Dakar, a região de Thiès, e mais precisamente a commune rural de Réfane e Méouane, e ainda a Casamança, têm sido algumas das regiões onde a AMI tem trabalhado na implementação de projetos de desenvolvimento.

Saúde, acesso a água e formação

A primeira intervenção da AMI no Senegal ocorreu em parceria com a ONG local APROSOR, na região de Thiès, na comune rural de Méouane.

O projeto desenvolvido, denominado Werle (Dar a saúde em língua Wolof), permitiu a construção de um posto de saúde para prestação de cuidados de saúde primários e a formação de matronas (parteiras) e agentes de saúde comunitários. Esta intervenção foi complementada com o financiamento de uma unidade de moagem de milho, da construção de um armazém de venda de cereais para sustentabilidade do Posto de Saúde e, ainda, de uma sala de aulas para raparigas de Ndeukou, uma área rural adjacente a Méouane.

Em 1998 e 1999, a cooperação com a APROSOR foi reforçada com um novo projeto na comunidade de Thilmakha, em Yeo, desenvolvido nos mesmos moldes que a intervenção em Thiés. Também foi desenhado um novo projeto, “Promotion socio-économique des femmes de quatre communautés rurales du Sénegal”, para a construção e equipamento de um posto de saúde em Santhe Thylla e Swekhaye, a reabilitação de poços em Packy Mbadatt e Yew e a construção de uma cooperativa de apoio à mulher rural em Réfane.

A parceria da AMI com a APROSOR intensificou-se nos anos seguintes e em 2004 teve início o Programa de Reforço do Processo de Paz em Casamança. Desde então e até hoje foi desenvolvido um conjunto de projetos a médio prazo em diversas partes do país, desde a reabilitação de património histórico e religioso à reparação e aquisição de equipamentos de unidades de saúde, como ambulâncias, reabilitação de equipamentos da Maternidade Rural em Reo Mao, oferta de matérias primas ao Atelier de Tinturaria das Mulheres de Réfane e oferta de equipamentos informáticos a instituições do ensino secundário. Para além de todas estas iniciativas, entre 2009 e 2011, a AMI apostou na construção e extensão de uma série de centros de saúde nas regiões de Parba, Mbambey, Neorane, Goye Kuli, entre outras regiões, considerando o acesso à saúde como um fator chave para a melhoria da qualidade de vida dos locais.

No total foram construídos, reabilitados ou extendidos 12 postos de saúde e reabilitados poços de água em Pachy, Mbaddat e Yew.

Aventura Solidária

Em 2001, a boa cimentação da relação entre a AMI e a APROSOR levaram a AMI a pensar numa nova forma de parceria. A Aventura Solidária tem por objetivo proporcionar a um grupo de “aventureiros” a oportunidade de ir ao terreno, participar e cofinanciar um projeto de desenvolvimento concreto por um período de 10 dias. Ao mesmo tempo, e o Senegal tinha todas as condições para tal, este tipo de programa procura, não só estabelecer pontes entre culturas, mas contribuir para a fixação de populações que de outra forma se iriam a juntar a tantos outros deslocados para as grandes cidades e posteriormente aos migrantes que procuram melhores condições de vida.

Segurança alimentar e produção de biogás e fertilizantes

Entre 2017 e 2020, nova parceria foI estabelecida no Senegal, desta vez com a Union Régionale des Association Paysannes de Diourbel (URAPD) que, em conjunto com a AMI, decidiu implementar o Projeto de Luta contra a Insegurança Alimentar, para garantir a 100 explorações familiares em dezoito aldeias do departamento de Bambey a valorização da sua produção e aprimorar as mesmas através da implementação de práticas agroecológicas (biodigestores e fertilizantes orgânicos).

Esta região é marcada pelo desprovimento de riqueza do solo, o que resulta em mínguas produções agrícolas, o que contribuiu para o crescimento dos fluxos de migração para os grandes centros urbanos e até para fora do país, particularmente de mulheres e crianças.

O acompanhamento efetuado a este cenário de insegurança, entre 2011 e 2016, permitiu obter dados sobre a tipologia da agricultura familiar na zona, verficando-se que 42% das explorações familiares estão em situação de insegurança, 56% estão em situação intermédia e apenas 2% se encontram em situação de segurança e prosperidade.

Na fase final deste projeto, até julho de 2020, espera-se que as explorações familiares acompanhadas pela URAPD, não só tenham acesso a fatores de produção e implementem práticas agroecológicas, mas também que a produção local seja valorizada e as suas práticas reproduzidas e disseminadas.

Empowerment das mulheres

Em 2018, a AMI começou também a trabalhar com a Association Rurale de Lutte contre le Sida (ARLS) num projeto de “Promoção da Saúde Reprodutiva das Mulheres e Jovens em Meio Rural”. A ARLS desenvolve há mais de vinte anos intervenções com o intuito de informar e sensibilizar populações rurais para a prevenção do VIH/SIDA. Esta ONG, para além de um grupo de teatro, gere uma rádio comunitária, a “GINDIKU FM” e um fundo cooperativo de poupança e crédito. Estes foram alguns dos mecanismos encontrados para melhor chegar às populações e também contribuir para a redução da precariedade e dependência económica, das quais as mulheres são geralmente as maiores vítimas. Foi implementado em quatro comunas de Thiénaba onde estão concentradas as atividades junto de sete OCB (Organizações Comunitárias de Base). Foram determinadas estas áreas de intervenção por serem zonas marcadas por práticas tradicionais que constituem fatores de risco e vulneravilidade para jovens e mulheres em idade reprodutiva. Face a isto e de forma duradoura, o projeto teve como objetivo influenciar comportamentos das populações com vista à redução de casos de cancro de colo do útero e da mama, bem como evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.

A ligação e os métodos de colaboração que a AMI tem cimentado ao longo dos últimos 23 anos com organizações locais no Senegal têm-se revelado extremamente frutuosos na contribuição para a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. Um acesso mais equitativo à saúde, a oportunidades e conhecimento, bem como à proteção dos meios de subsistência das populações locais são objetivos fundamentais a longo prazo da AMI e das ONG com as quais a Fundação colabora no Senegal.


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