Colômbia: “Trabalhar aqui pressupõe adaptação”

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“Parti para esta missão em terras colombianas para trabalhar com a Fundación Hogar Juvenil. Quando cheguei trazia um olhar atento e curioso que me foi mostrando este povo maravilhoso que me surpreende diariamente.

Fui integrada no departamento de Saúde e Nutrição composto por uma auxiliar de enfermeira e uma nutricionista.

O projeto que estamos a implementar “Un Barullo por la Nutrición de la Primera Infancia” implica trabalhar e ajudar 300 crianças e respetivas famílias, de forma a prevenir, valorizar e recuperar a sua capacidade nutricional. Neste sentido, desenvolvi um processo de avaliação e registo de Consultas de Enfermagem de acordo com os parâmetros avaliados na 1ª infância. Até ao momento os resultados têm sido positivos, permitindo atuar no momento e, prevenir problemas maiores no futuro.   

Nesta segunda-feira, dia 2 de Março, vão começar as aulas que decorem das oito da manhã até as 16 horas. As crianças fazem três refeições na Fundação. Posto isto, iremos desenvolver um conjunto de educações para a saúde com os docentes da Instituição, as crianças e os pais. Estas terão em conta às necessidades encontradas na população, tais como: Nutrição; Prevenção de Acidentes domésticos; Doenças da 1ª Infância; Higiene Pessoal; Saúde Oral; Saber como educar; Primeiros Auxílios, entre outras.

Confesso que vim para a Colômbia com ritmo acelerado e com a vontade e uma força enormes de fazer tudo para “ontem”. Aos poucos, fui aprendendo que os ritmos são diferentes, assim como os costumes e o próprio dia-a-dia.

Gradualmente fui-me sentindo em casa neste país desconhecido que me acolheu de braços abertos ao som da Salsa e da Champeta.

Os rostos encontrados, nos percursos feitos diariamente, tornam-se familiares. Um tímido bom dia, antes dito, transforma-se num cumprimento cheio de alegria de alguém que, hoje, encontra um amigo.

Aquele olhar atento e curioso, inicial, transforma-se num olhar, que apesar de continuar constantemente atento e curioso, está mais familiarizado com o que o rodeia.

Trabalhar aqui pressupõe adaptação ao novo meio. Adaptar não significa esquecer o que somos nem a experiência que temos. Pressupõe um equilíbrio entre o conhecido e o que estamos a conhecer.

É preciso compreender que vivo numa sociedade diferente, com um ritmo próprio, com as pessoas e formas de trabalhar distintas. Diferente não significa ineficiente. O fruto sai da fusão entre o melhor de cada mundo.

Os dias na Colômbia são um desafio constante. É descobrir limites e reinventar novos. Obriga-me a ser mais criativa, compreensiva, tolerante e espontânea. No fundo, menos automatizada, menos individualista. Mais Humana. Sigo com o trabalho por cá, com o propósito de honrar a camisola que visto.”

 

 Enfermeira Margarida Marques.


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