Iniciado em 2016, o projeto + Comunidade, financiado no primeiro ano pelo programa BIP/ZIP da Câmara Municipal de Lisboa , surge como forma de colmatar algumas lacunas identificadas no bairro “Portugal Novo”, situado no bairro das Olaias em Lisboa. Tem como entidade parceira formal a Associação VoxLisboa.
Ao longo da implementação do projeto, tem vindo a construir-se uma rede de parcerias da qual já fazem parte a Junta de Freguesia do Areeiro, a Gebalis, a PSP, a Pastoral dos Ciganos, entre outras.
O projeto procura fomentar a melhoria da qualidade de vida e a coesão social da comunidade, através da dinamização de diversas atividades com vista à inclusão, promoção, capacitação e participação dos moradores do bairro.
Elisabete Cavaleiro, Assistente Social da AMI e responsável por dinamizar e ajudar a coordenar o Projeto +Comunidade, refere que o +Comunidade não só promove a companhia e um ambiente familiar como une o grupo à volta de um sentimento de pertença.
Quais são as principais atividades desenvolvidas no espaço +Comunidade?
EC: Existe um planeamento semanal em que cada atividade tem o seu dia. Os beneficiários iniciam sempre a sua semana com a Oficina de Movimento onde fazem exercício físico e relaxamento. O Atelier Sénior, que acontece todas as terças-feiras, é a alma deste espaço ao promover as competências pessoais e sociais, a motivação e auto-estima, através de atividades lúdicas, trabalhos manuais, atividades de motricidade, passeios e ações de sensibilização, formas de promover a participação ativa e de melhorar a qualidade de vida dos nossos beneficiários. A quarta-feira é dedicada ao Gabinete +Saúde, dinamizado em parceria com a Associação VoxLisboa, e promove a realização de rastreios bem como uma relação de ajuda permanente e periódica que visa o despiste precoce de doenças e o acompanhamento e encaminhamento de forma mais direta para as instituições de saúde. As quintas-feiras são sempre muito animadas com a Oficina de Canto onde as senhoras cantam músicas tradicionais portuguesas e ensaiam para a festa de Natal. A sexta-feira é o dia mais competitivo: é dia de jogar Bingo e ninguém gosta de perder!…
Para além destas atividades que promovem o envelhecimento ativo, que outras iniciativas se realizam neste espaço?
EC: Realizam-se reuniões comunitárias com a presença das instituições que atuam no bairro e no meio envolvente e com os representantes das diferentes comunidades. O intuito é o de compreender as necessidades, problemáticas e preocupações das mesmas, bem como encontrar soluções conjuntas para casos individuais e coletivos.
Também foi criado o Gabinete de Mediação Comunitária que disponibiliza a toda a comunidade um local onde as pessoas se podem dirigir para esclarecimento de dúvidas relativas a questões sociais (ex.: pedido de médico de família, pedido de RSI, banco alimentar, outros), encaminhamento para serviços e instituições, apoio no preenchimento de documentos (ex.: currículo, inscrições em instituições, outros).
Quais os principais fatores e pontos fortes que fazem deste projeto uma referência no bairro?
EC: Como pontos fortes é de mencionar a positiva adesão ao projeto e as sinergias com os parceiros da rede comunitária local. O envolvimento e o interesse da comunidade, a cooperação da rede de parceiros e a promoção de uma resposta que não existia no bairro, constituem os principais fatores de sucesso.
Considera que este projeto se diferencia pelo seu propósito sustentável e social?
EC: O + Comunidade começa a destacar-se no bairro como um espaço de referência e recurso para os moradores, contribuindo para a minimização de algumas problemáticas identificadas e para o aumento do sentimento de pertença e melhoria da qualidade de vida dos membros da comunidade. Neste momento estamos a projetar a continuidade deste projeto e a planear algumas atividades para implementar.
Quem encontrámos no espaço…
Dª Ana é de Lamego e há 15 anos que recorre à AMI. Tem uma filha de 58 anos, 2 netos de 34 e 33 anos e um bisneto de 3 anos que adora. Refere com muita emoção que aprendeu a “fazer” o seu nome no espaço + Comunidade. Com os seus 86 anos ainda faz rissóis e croquetes (dos bons!) para vender.
Dª Guilhermina, apoiada pela AMI há 12 anos, é de Pinhel, distrito da Guarda, onde uma vez por ano, e até hoje, se reúne com 50 familiares. Diz que quando sai de casa leva sempre dois sacos, um para dar e outro para aceitar.
A Dª Maria é de Tarouca, distrito de Viseu. Tem 4 filhos e 11 netos e sempre trabalhou nas limpezas, aprendeu a costurar no espaço.
O Sr. Luís é funcionário da AMI desde 1999 e, além de ser o vigilante do Centro Porta Amiga das Olaias, é também o ombro e o ouvido amigo de todos os beneficiários que frequentam este espaço. Quando lhe perguntamos se gosta de estar ajudar a sua resposta muito rápida é “adoro!“.