Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença assinala 25 anos e anuncia os vencedores de mais uma edição

Onde o Tempo Parou, de Filipa Simas (RTP) e Desassossego – Saúde e Doença Mental, de Margarida Cardoso (Fumaça), são os trabalhos vencedores da 25.ª edição do Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença.

O júri, constituído pelos vencedores da edição anterior, Diogo Cardoso, Luciana Maruta e Sofia Palma Rodrigues (Divergente), pelo Gerente da Semente, empresa de Audiovisuais, Jorge Bento, e pela Secretária-Geral da AMI, Isabel Nobre, atribuiu, ainda, três menções honrosas aos trabalhos A Natureza do Parto e As Lágrimas não se Fazem Ouvir, de Catarina Marques (SIC) e Síria: Refugiados de uma Guerra Esquecida, de Inês Chaíça (Público). 

Nas palavras do júri, Onde o Tempo Parou, de Filipa Simas, é uma reportagem marcante que reúne testemunhos impressionantes de alguns cuidadores informais, mas que representam tantos outros que acabam por dedicar toda a sua vida a cuidar de alguém. É comovente ver que, mesmo não tendo qualquer tipo de rede de apoio, seja estatal ou financeira, os cuidadores não desistem pelo amor que sentem por aqueles de quem cuidam. É um tema a que ninguém consegue ficar indiferente, porque todos acabam por experienciá-lo, mesmo que indiretamente. 

Desassossego – Saúde e Doença Mental, de Margarida Cardoso, foi considerado pelo júri, um trabalho que dá voz a várias pessoas que falam sobre a sua Doença, as dificuldades e o estigma que persistem na sociedade atual. São 13 episódios que nos convidam a entrar no vasto mundo da doença mental e que revelam que ainda há muito a fazer para evitar que a indiferença e a intolerância permaneçam. 

Por sua vez, A Natureza do Parto, de Catarina Marques, foi descrito pelo júri como um alerta, que exige uma difícil mudança de foco, porque arreigada na rotina dos procedimentos médicos aprendidos, mas fundamental para a humanização deste momento essencial para a mãe, para a criança e para o pai. Não se dispensa o trabalho essencial dos profissionais, pede-se-lhes, antes, a atenção, o tempo e o respeito pelo papel essencial da mãe no ato de parir. 

As Lágrimas não se Fazem Ouvir, também de Catarina Marques, apresenta uma reflexão sobre o que leva uma criança, um jovem, a agredir o outro, e qual a razão para a vítima não denunciar o agressor. É uma chamada de atenção para a dificuldade e até vergonha em denunciar as agressões, pela falta de apoio e sensibilidade das escolas, que transmitem a sensação de impunidade do agressor, o que na maioria dos casos é uma violência acrescida para a vítima. É um alerta atual, reiterado pelo júri, numa sociedade em que o afastamento físico e a anonimização promovida pelas redes sociais, aprofunda e potencia estas agressões e revela o caminho longo que ainda há a percorrer para erradicar este grave problema social.  

O júri considerou ainda que o trabalho Síria: Refugiados de uma Guerra Esquecida, de Inês Chaíça, retrata, vivamente, uma situação angustiante, sem fim à vista, relegada para segundo plano, pela guerra na Ucrânia. Os cerca de 3,6 milhões de refugiados sírios que a Turquia acolheu nos últimos 11 anos que, embora estejam em segurança física, permanecem na insegurança diária, na incerteza de conseguir fazer face às necessidades diárias, de sustento da família. Este número considerável de pessoas fragilizadas num país com elevada inflação, diminui a esperança de fugir a um futuro de pobreza. 

Os jornalistas distinguidos com o 1.º prémio dividirão os €5.000 do galardão e receberão um troféu alusivo ao evento, estendendo-se também esta última distinção às autoras dos trabalhos galardoados com menções honrosas.

A entrega do prémio, presidida pelo Presidente da AMI, Fernando Nobre, realiza-se no dia 30 de junho, às 10h, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A cerimónia será precedida de uma palestra pelo jornalista e diretor-adjunto do Diário de Notícias, Leonídio Ferreira, sobre “O papel do Jornalismo de Investigação na defesa dos Direitos Humanos”.

 Este galardão, que é já um dos mais antigos e apreciados prémios no seio da comunidade jornalística portuguesa, destina-se a destacar trabalhos jornalísticos que, pela sua excecional qualidade, representem um testemunho e uma contribuição válida para alertar para situações intoleráveis, do ponto de vista humano, social e económico em qualquer parte do mundo.   

Em 25 anos, já se apresentaram 1210 trabalhos a concurso de 822 jornalistas, dos quais 109 foram premiados.  


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