No passar dos anos

Toda a Esperanca do do Mundo alfredo cunha (Large)

Do ponto de vista sociológico, o envelhecimento consiste na maturação física, psicológica, social e vital do ser humano. A maturação e o envelhecimento sucedem em diferentes fases da vida, influenciando não só a vitalidade de uma pessoa, mas o seu papel na sociedade, em consequência das transformações que ocorrem nas suas interações sociais, em função do seu estágio de crescimento.

No domínio das políticas sociais, predominam as análises de que a “velhice” deve ser encarada como uma problemática em que as populações envelhecidas são encaradas como grupos dependentes, diferentes do resto da sociedade, que tem no seu estatuto de “ativa” uma validação funcional.

As perceções sociais em torno do envelhecimento não são estáticas nem imutáves. São inevitavelmente determinadas pelos valores culturais e normas pelos quais as populações se norteiam. Em diversas culturas, a maturidade e o envelhecimento inerente a este processo são um estatuto de referência em termos de respeitabilidade, sabedoria e iluminação.

Em Portugal, onde a demografia populacional é maioritariamente envelhecida, estima-se que a taxa da população nacional esteja a sofrer um decréscimo significativo devido às características etárias do país. A 31 de dezembro de 2018, segundo o INE, a população em Portugal decresceu em 14 410 pessoas, desde o período homólogo do ano anterior, pelo que se verificou uma taxa de crescimento negativa no valor de 0,14%.

Ainda que se mantenha, este decréscimo tem sido atenuado nos últimos dois anos devido à melhoria do saldo migratório no país, e nos respetivos índices de natalidade que advêm da fixação das populações imigrantes em Portugal. Não obstante, estima-se que em 2080 a população portuguesa decresça para 7,9 milhões de pessoas.

Embora estes dados sejam inquietantes, podem também significar uma oportunidade de reflexão acerca da importância do envelhecimento ativo, nomeadamente no aproveitamento da experiência e sabedoria dos mais velhos como mais valia do ponto de vista da formação e educação, para a otimização de determinados setores da economia.

Para além da necessidade de reconhecer que as populações envelhecidas são efetivamente importantes na evolução das sociedades modernas, seja do ponto de vista cultural e económico, é também urgente travar o crescimento das situações de isolamento social, que em Portugal, registou 402 mil pessoas, de acordo com a operação “Censos Sénior” em 2020, em resultado do panorama atual da pandemia pelo novo coronavírus (mais 100% que os valores registados no ano anterior). Pessoas com mais de 65 anos a viverem sozinhas, isoladas ou incapacitadas física e mentalmente, sob outras circunstâncias que podem constituir uma ameaça à sua segurança.

Não existem respostas 100% adequadas para garantir a longevidade e bem-estar de todos os anciãos da mesma forma, embora a proximidade e acompanhamento da família seja sempre um fator relevante. Algumas das respostas sociais disponíveis são abordadas nesta edição da AMI Notícias, demonstrando que a idade é mais uma força que uma fraqueza.


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