“Ajudar a construir um hospital transformou-se em bandeira para um futuro mais justo e feliz”

No sudoeste do Bangladesh os cuidados médicos são quase um luxo para a maioria da população que vive entre em bairros de lata. As ambulâncias, camas, médicos e enfermeiros contam-se pelos dedos, no distrito de Satkhira. Para criar mais respostas, a AMI, em conjunto com a organização DHARA, aposta na construção de um hospital e um instituto de formação em várias áreas da saúde.

À frente da DHARA – Development of Health & Agriculture Rehabilitation Advancement (colocar ligação para https://dharabd.com/ ), Lipika Das Gupta sonha com o dia, cada vez mais próximo, em que um novo hospital e um instituto de formação em saúde vão abrir portas no distrito de Satkhira, situada no sudoeste do Bangladesh, próximo à fronteira com a Índia, onde muitos hindus se fixam em busca de melhores condições de vida e acabam confinados em bairros de lata, vítimas de segregação com base na sua religião.

O novo hospital em Satkhira, no Bangladesh, fica concluído no primeiro trimestre de 2024 e permite dar assistência imediata a 500 mulheres e 500 crianças. Fotografia: Timothy Lima

Para a ativista social, “construir um hospital no Bangladesh é a bandeira para um futuro mais justo e feliz”. Um “símbolo de máxima felicidade, depois de uma luta de sete anos”, afirma, reconhecendo que, “para milhares de pessoas que vivem em Satkhira, um novo hospital é símbolo de novas possibilidades de cura, de saúde, de vida e de um bem-estar a que nunca antes conseguiram aceder”.

A desigualdade entre culturas e nacionalidades é uma das principais razões para Lipika Das Gupta embarcar na aventura de construir um hospital e uma escola, mas também na fundação da DHARA, uma associação liderada por mulheres, parceira da AMI na área da saúde desde 2009.

Como hindu no Bangladesh, Lipika assistiu muitas vezes ao “preconceito, perseguição e desfavorecimento”. Por isso, o hospital e centro de formação representam “um legado para quem não tem nada”. Por outro lado, enquanto doente crónica, sempre assumiu a saúde como “um bem demasiado precioso” ao qual gostaria que “todos tivessem acesso de forma igual”.

Lipika Das Gupta fundou a DHARA em 2009, associação parceira da AMI no Bangladesh para a prestação de cuidados de saúde. Fotografia: Fernando Nobre

Com o nome Dr. Fernando Nobre Medical Technology College & Hospital, o edifício ficará concluído até ao fim de outubro e abre portas no primeiro trimestre de 2024, representando um investimento total de 207.333,00 euros e a concretização de “um ideal” num meio onde “não é possível aceitar, de braços cruzados, que pessoas não tenham acesso a cuidados de saúde por falta de um lugar onde sejam assistidas, ou por falta de profissionais”.

A saúde materna e infantil são um dos principais focos na receção de pacientes em ambulatório, no acesso a consultas de especialidade e na formação base de profissionais como parteiras e enfermeiras, assim como na formação complementar de médicos.

O projeto deveria ter terminado em maio de 2021, porém, devido à pandemia de Covid-19, e ao aumento do preço dos produtos, a obra sofreu atrasos. Depois do longo caminho até à construção, a disponibilidade de profissionais no mercado será o desafio seguinte. “São necessários seis médicos para dar resposta a vinte camas e assistência a 500 mulheres e 500 crianças”, explica Lipika Das Gupta, salientando que “sem esses profissionais há risco de o Governo não autorizar a abertura do hospital”.
Com a falta de profissionais na área da saúde a marcar a realidade do Bangladesh, porque as vagas nos cursos são limitadas, assim como as instituições de ensino, Lipika Das Gupta coloca muita esperança nos seus dois filhos formados em medicina.

Gotas num oceano contabilizando que naquele distrito 700 mil pessoas têm dificuldade em aceder a cuidados de saúde e “apenas existe um hospital público, com capacidade para tão só 50 camas, uma ambulância disponível e constante falta de médios e enfermeiros”. Por isso, este projeto da AMI e da DHARA representa uma aposta no acesso a saúde de qualidade, oportunidades de formação e emprego, com vista à redução de desigualdades e erradicação da pobreza.


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