Haiti: Pela igualdade de género

 

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Atuamente, estamos a apoiar no Haiti um projeto de valorização do papel social da mulher. Em parceria com a Organização Não Governamental REFRAKA financiamos a implementação e reforço de uma rede de rádios comunitárias. Em 2000, verificou-se a impossibilidade das mulheres integrarem a equipa de locutores. Este obstáculo reside na existência marcada de desigualdades de género, traduzidas pela participação reduzida nas estruturas internas e na tomada de decisões. Como forma de lutar contra esta situação de exclusão, um grupo de mulheres jornalistas decidiu criar uma rede com o objetivo de fortalecer a competência, a integração e a participação das mulheres nas rádios e respetivas estruturas de decisão em todo o país, vencendo preconceitos. O processo foi difícil, enfrentaram rejeição e falta de colaboração, mas a determinação destas mulheres garantiu a continuidade deste desafio.  Volvidos 14 anos, estão presentes em nove dos 10 departamentos do país e colaboram com outras rádios em várias regiões, comentando e reportando diversos assuntos. No primeiro ano desta rede, em 2001, contavamos com 15 mulheres. Atualmente temos mais de 250 animadoras, apresentadoras e produtoras nas já 27 rádios comunitárias.

A REFRAKA é ativa na promoção da igualdade de género e na luta contra a violência de género, assim como na sensibilização comunitária para a educação ecológica e mitigação de riscos de catástrofes naturais e ainda, na formação de técnicas de produção jornalística e consciencialização geral. Esta organização é apoiada e cofinanciada pela AMI desde 2009 e, no ano passado, abraçaram mais um projeto especificamente vocacionado para “A participação ativa das mulheres como agentes e divulgadoras sociais em rádios comunitárias” que durará até 2017. Ao mesmo tempo que se reduzem as barreiras de género nas rádios comunitárias, sensibiliza-se a população para a promoção da igualdade de género, combatendo a violência de género. Paralelamente, promovemos o empowerment das mulheres de zonas rurais que se tornam ativistas nas respetivas comunidades. 

Na vertente da formação, realizam-se sessões de formação sobre técnicas de jornalismo, direitos das mulheres e participação ativa de cidadania, liderança e autoestima, entre outras. São ainda organizadas conferências, debates e jornadas de mobilização.

 Relativamente ao apoio às vítimas de violência de género, a REFRAKA está a ter um papel particularmente importante. Do ponto de vista da sensibilização, concebe e implementa programas educacionais e spots sobre a violência baseada no género, o que permite que as mulheres de zonas mais remotas tenham acesso a informações que as podem ajudar a protegerem-se melhor contra a violência, assim como solicitar os serviços de apoio social e judicial. Estão a estabelecer um grupo de trabalho de três pessoas em 10 estações de rádio comunitárias para orientar mulheres e meninas vítimas de violência de género até às estruturas apropriadas de assistência, cuidado e acesso à justiça. De maneira a fortalecer a capacidade técnica das organizações locais para responderem às situações de violência, as rádios comunitárias têm um relatório bem documentado sobre os casos de violações dos direitos das mulheres. A somar a todas estas ações, trabalham ainda em estreita colaboração com organizações de mulheres da capital, Port-au-Prince, para facilitar sinergias e realizam sessões de diálogo entre as mulheres vítimas de violência, estimulando a partilha de experiências, bem como formação e apoio psicológico.


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