Informação e Mobilização para Proteção e Ação pelas Crianças Talibé na Guiné-Bissau

Embora a definição “talibé” seja destinada a crianças e jovens que estudam o Corão numa escola corânica, é recorrente observar crianças talibé obrigadas pelos seus mestres, a mendigar pelas ruas, em elevada situação de vulnerabilidade ao nível de condições de higiene, descanso, alimentação, educação e segurança, tanto na Guiné-Bissau quanto no Senegal, com o objetivo de angariar dinheiro para o mestre, considerada pela ONU, uma prática análoga à escravatura.

Este projeto contempla uma resposta de proteção das crianças talibé integrando 3 níveis de ação: 1) trabalho com agentes da Administração Pública (AP), lideranças comunitárias e OSC ativas, na identificação de boas práticas e definição de planos de trabalho; 2) sensibilização da comunidade das regiões onde existe uma maior expressão do tráfico de crianças talibé; 3) mobilização e capacitação de OSC de jovens e mulheres, com apoio a projetos com impacto na comunidade. Assim, pretende-se contribuir para o fortalecimento das OSC, promovendo a colaboração com a Administração Pública da Guiné-Bissau, para a prevenção da violência contra crianças e jovens talibé. 

É desenvolvido em consórcio, liderado pela AMI e envolvendo os parceiros Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo Guiné-Bissau (ADPP-GB), o Instituto da Mulher e Criança (IMC) e a Associação Guineense de Luta Contra Migração Irregular, Tráfico de Seres Humanos e Proteção das Crianças (AGLUCOMI-TSH). 

Os resultados esperados são: 1) Disseminar informação junto das OSC e dos principais agentes da Administração Pública sobre o seu papel na prevenção de situações de vulnerabilidade e perigo das crianças talibé; 2) Consciencializar a comunidade guineense geral sobre a problemática da violência contra as crianças talibé; 3) Mobilizar as OSC juvenis e de mulheres para a implementação de iniciativas comunitárias de proteção das crianças e de prevenção da violência contras as crianças talibé.

O conjunto de atividades propostas irá envolver a criação de relações de trabalho com líderes religiosos, comunidades, organizações locais e autoridades nacionais, que se mostram essenciais para uma sociedade civil reforçada e mobilizada para temáticas nacionais relevantes.