“O pão que sobra à riqueza
Distribuído pela razão
Matava a fome à pobreza
E ainda sobrava pão.”
António Aleixo
Ser voluntário é exercer cidadania, ser solidário, ter disponibilidade, responsabilidade, compromisso e competência. É, acima de tudo, ser útil sem esperar recompensas nem compensações e contribuir para uma sociedade mais justa e equilibrada.
Os voluntários não são pagos, não por não terem valor, mas sim porque não têm preço.
Ser voluntário é um acto desinteressado de amor ao próximo.
O voluntariado é um sentimento que leva as pessoas a ajudarem-se mutuamente, sem querer ou pedir nada em troca, na maioria das vezes, ajudando pessoas que nem sequer se conhece.
Actualmente, a sociedade a que pertencemos não permite, muitas vezes, ver o que se passa à nossa volta e olhar para as suas necessidades. Vive-se num egocentrismo e individualismo desenfreado. Deste modo, e por estes motivos, hoje fala-se muito de solidariedade e de ser voluntário.
Mas o que é ser voluntário? Temos várias definições para este conceito:
– É um sentimento de partilhar o sofrimento alheio.
– É um sentimento que leva a prestar auxílio a alguém em dificuldades.
– É a adesão ou o apoio a uma causa, a um movimento ou a um princípio.
– É deixarmos os nossos lugares de trabalho, por vezes com boas condições de trabalho, e irmos socorrer quem está com dificuldades, vítimas de guerras ou de calamidades da natureza ou de doenças.
– É um sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.
– É o amor em movimento.
– É um sentimento que leva os homens a ajudarem-se mutuamente, sem querer ou pedir nada em troca, na maioria das vezes ajudando pessoas que nem sequer se conheciam.
– É deixarmos a nossa família, a nossa mulher, o marido, os filhos e netos e partir, muitas vezes, para um desconhecido na certeza de que vamos ser úteis a alguém.
Ser voluntário é…
O que leva os voluntários a serem solidários, a deixarem o conforto das suas casas, dos seus locais de trabalho, da companhia da família e dos amigos, a passarem Natais e outras festividades importantes para poderem ir ajudar os outros?
Não é a política nem a religião que nos leva para as Missões, mas sim o facto de podermos ser úteis a alguém que se encontra com dificuldades e que nós nem sequer conhecemos. Basta podermos salvar uma só pessoa que seja para já ser muito, mas mesmo muito, gratificante. A satisfação pessoal e a gratificação interior e moral que sentimos são a única recompensa que nos faz ser voluntários, de seguirmos em frente e continuar a nossa tarefa como voluntários e seres humanos que somos, ajudando assim os outros. Temos a noção de que não salvamos o Mundo, mas podemos e devemos ajudar a diminuir o sofrimento alheio.
O voluntário é um homem ou uma mulher do Mundo e que vive para o Mundo, ajudando em qualquer local deste, independente da religião ou da política.
Ver crianças que nos aparecem muitas vezes em pré-coma ou já em coma palúdico, tratá-las, e passados três a quatro dias vê-las a correr pelas ruas da aldeia ou a jogar à bola ou qualquer outra brincadeira, acreditem que é a melhor satisfação e recompensa que qualquer voluntário deseja receber em troca do seu trabalho.
Não há palavras que possam descrever a satisfação profissional e humana que sentimos.
A AMI (Fundação de Assistência Médica Internacional ), a mim, já me proporcionou tudo isto. Com a AMI estive, como voluntário, em:
Angola – uma vez
Guiné Bissau – uma vez
Honduras – uma vez
Timor – três vezes
Sri Lanka – uma vez
Cabo Verde – uma vez
Haiti – uma vez
Em Portugal, tenho feito voluntariado na ARESC; na CÁRITAS (Lar da Bafureira ) na NOVAMENTE e com alguns casos individuais, principalmente a pessoas idosas.
Pelo que já fiz e mais ainda espero vir a fazer, testemunho que a acção, a solidariedade e a fraternidade humana continuam e continuarão a ter todo o sentido. Tentar não significa conseguir, mas todos os que conseguiram, um dia tentaram.
Como dizia Ghandi, o Mundo é grande o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas sempre será muito pequeno para a ganância de alguns.
Hoje, já há muitos mais a ter quase nada do que muito poucos a ter quase tudo.
Aquele que não tem nada ou quase nada, normalmente agradece por tudo e quem tem tudo, normalmente reclama por nada. Não podemos esquecer que todos aqueles ou aquelas que praticam o voluntariado, ganham créditos para a eternidade.
Para terminar, diria que os pobres e espoliados pelo Mundo fora devem e têm que ser merecedores de todo o nosso respeito.
Basta de tanto sofrimento, de tanto terrorismo e de tanto genocídio silencioso.
Basta de tanto cinismo e de hipocrisia.
Devemos tentar, pois, ajudar a minorar o sofrimento do nosso próximo porque todos juntos, não iremos certamente resolver todos os problemas de pobreza, mas creiam que já é muito.
Neste dia do voluntário peço a todos os voluntários do Mundo que não vos falte, pois, a boa vontade em ajudar os mais necessitados e acreditem ou não em Deus, estão a semear uma boa seara para vocês próprios porque quem sabe o que planta, não teme a colheita.
Enfermeiro José Aranha, voluntário da AMI