O poder de uma ideia chamada Aventura Solidária

“Não há nada mais mobilizador que uma boa ideia, a não ser uma boa ideia que vem para ajudar quem precisa.

Quando, há dez anos, imaginámos a possibilidade de envolver a sociedade civil nas missões da AMI, acreditando que essa seria a melhor forma de gerar alterações de comportamento duradouras, a ideia parecia arriscada. Será que os portugueses, onde a cultura filantrópica ainda estava a dar os primeiros passos, estariam prontos para apoiar financeiramente uma missão da AMI e será que os participantes se envolveriam de tal forma que tirariam férias para trabalhar arduamente, em condições muitas vezes desafiadoras, nesse projecto que iriam co-financiar?

O objectivo do projecto Aventura Solidária não seria só dar a conhecer as dificuldades que se vivem nestes projectos, mas também colocar os participantes no centro do desafio, ajudando em algo concreto e mensurável. Seria uma aventura onde os participantes aprenderiam a respeitar, a cooperar e a viver a diferença, conhecendo a autenticidade dum país sem correr o risco de passar ao lado do essencial, criando um movimento bi-direcional, uma troca directa de experiências que todos beneficiaria.

O tempo passou e, hoje, mais de 300 pessoas já se envolveram nestas missões da AMI, dando o seu contributo financeiro, tempo e competências pessoais para melhorar a vida de comunidades cadenciadas pelo mundo fora em dezenas de missões.

Relembro frequentemente as viagens exploratórias que fiz a Réfane (Senegal) e a Milagres, no Ceará (Brasil), e a missão-piloto ao Senegal com o primeiro grupo que ajudou a remodelar o Centro de Promoção da Mulher Rural de Réfane, entre palmas e lágrimas, agradecimentos e discursos, condecorações e diplomas. Foram muitos os momentos durante essas viagens em que senti que estávamos a fazer algo importante, que estava verdadeiramente a mudar para muito melhor a vida de muitas pessoas.

Numa fotografia tirada durante uma missão vê-se uma mulher senegalesa e, por detrás, numa parede, estão escritas as palavras “Nit Nit Ay Garaban”. Vim a saber mais tarde que é um provérbio wolof que diz “O homem é o remédio do homem”. E não é que é mesmo?”

Testemunho de Filipe Vasconcellos, um dos principais impulsionadores do projeto Aventura Solidária.