Percorrer a estrada da consciência ambiental

“Plástico à Vista” é um projeto apoiado pela linha de financiamento da AMI, “NoPlanetB – Grandes Ações”, que visa a sensibilização ambiental para a problemática do plástico enquanto lixo marinho.

A iniciativa desenvolvida pela Associação Ensaios & Diálogos inspirou-se no conceito da Precious Plastic, uma comunidade global sediada na Holanda, que propõe soluções e ferramentas para colmatar a poluição causada pelo desperdício de plástico.

Implementado nas regiões da Trafaria e da Costa da Caparica, o projeto “Plástico à Vista” procura responder aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, focando-se na Produção e Consumo Sustentável – ODS 12. Estes territórios costeiros, em que parte da população se dedica a atividades marítimas, nomeadamente à pesca e à apanha de bivalves, são estratégicos em termos de cimentação do projeto e de sensibilização para o tema da preservação dos ecossistemas marinhos.

Dolores papa, produtora cultural da Associação Ensaios & Diálogos e coordenadora desta ação explica que “este projeto de desenvolvimento local foi criado e implementado nestes territórios da Trafaria e da Costa da Caparica, uma vez que são zonas diretamente impactadas pelo problema do lixo, bem como pelo mar e pelo rio. Em 2018, por causa das chuvas, várias casas da região foram invadidas pelas cheias e pelo próprio lixo que vinha do mar. Parámos para pensar nos problemas transversais que afetavam todos estes bairros e respetivas comunidades, com as quais temos trabalhado nos últimos anos. Chegámos à conclusão que a problemática do lixo, nomeadamente do plástico que era encontrado nos mares e rios era algo que devíamos combater. Foi daí que surgiu a vontade de trabalhar a sensibilização ambiental, tendo como tema central o plástico, relacionado com o lixo marinho ”.

Sensibilização itinerante

Deste modo, o Plástico à Vista tornou-se uma ação “coletiva, participativa e itinerante na sua construção”, reforça a coordenadora. Este projeto tem como principal foco a circulação de uma mini estação itinerante (PAVan) de transformação de resíduos plásticos para dar suporte às ações de sensibilização da sociedade civil, nomeadamente junto da comunidade escolar. Esta estrutura resulta da combinação das metodologias da Associação Ensaios & Diálogos com as máquinas de transformação de plástico, concebidas pela Precious Plastic. A construção da PAVan teve início num workshop de construção que se realizou no antigo Presídio da Trafaria, contando com a participação de uma aquipa constituída por arquitetos, produtores culturais, engenheiros, cenógrafos, carpinteiros, estudantes e voluntários. O resultado foi a construção da PAVan, um veículo muntifuncional que conjuga a carrinha de transporte, a estrutura onde decorrem as atividades de sensibilização, uma área de equipamentos audiovisuais e as ferramentas de reutilização do plástico em objetos úteis. Dolores Papa esclarece que” toda a PAVan foi construída em formato de legos, para que possa ser montada e desmontada em qualquer situação”. Esta mini-van tem servido sobretudo para a promoção de sessões de apresentação, palestras com especialistas, projeção de filmes e oficinas com o uso das máquinas Precious Plastic.

Reinventar o plástico

Alertar para a consciência de que o mar é dos ecossistemas mais ricos da biosfera e promover técnicas e ferramentas de reutilização dos resíduos plásticos são o foco central deste projeto. Em relação à sensibilização da comunidade escolar, “queríamos que a nossa interação com os jovens e crianças fosse dinâmica, ensinando-os a perceber o tema do lixo marinho e a compreendê-lo de forma lúdica, consciente e divertida”- explica a coordenadora do projeto. A mudança de comportamentos, através da reinvenção e construção de novas formas de aproveitar o plástico, é o grande desafio inerente a esta iniciativa. A ação do Plástico à Vista tem demonstrado à comunidade escolar que o plástico consumido nas escolas pode ser transformado em objetos didáticos como piões, carros de brincar e até azulejos, isto a partir de palhinhas de plástico, de embalagens de leite e detergentes.

Para o consumo consciente do plástico e para além da mini estação itinerante, a iniciativa Plástico à Vista desenvolveu mais duas ferramentas de sensibilização: um plano anual de atividades aplicável a todas a escolas do 1º ciclo, a instituições sociais intergeracionais e à comunidade piscatória; e ainda, um kit lúdico pedagógico, construído em parceria com a Associação Portuguesa de Lixo Marinho (APLM) e com o Departamento do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologias (FCT) da Universidade Nova de Lisboa, que contém 12 materiais de sensibilização, pensados a partir do ODS 12.

“A proteção do mar exigiu-nos procurar parceiros que fossem especialistas na área e unir forças numa perspetiva de colaboração e conhecimento. A experiência adquirida neste ano de projeto foi riquíssima, permitindo-nos avaliar o que já foi feito nesta matéria, adaptá-lo e melhorá-lo, recorrendo sempre ao feedback daqueles que beneficiaram do projeto” – ressalva Dolores Papa com entusiasmo. Num futuro próximo, pretende-se que o Plástico à Vista percorra todos os Concelhos do país, ajudando a que outros lugares, insituições e países consigam criar a suas próprias PAVans e repliquem este projeto de sensibilização para a preservação do nosso mar.

Recorde-se que o projeto “There Isn’t a Planet B – Win-win strategies and small actions for big impacts on climate change” é um projeto desenvolvido pela AMI em Portugal, apoiado pela União Europeia e pelo Camões I.P. a nível nacional. Este projeto sensibiliza atualmente 22 organizações nacionais na implementação de ações de sensibilização para as alterações climáticas e sustentabilidade ambiental.


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