Nova vida para o Pejão Velho

“Nova Vida para o Pejão Velho” é um projeto desenvolvido pela Associação de Defesa do Património Histórico e Cultural de Castelo de Paiva (ADEP), promovido no âmbito do programa “There Isn’t a PLANet B!” desenvolvido pela AMI em Portugal, e cofinanciado pela União Europeia e pelo Camões I.P.

Na região de Pedorido, onde desagua o rio Arda, o território de Pejão Velho é o que se descreveria o perfeito retrato bucólico dos afluentes do Douro. Pejão Velho é uma antiga freguesia portuguesa conhecida pela densa exploração mineira que desde os anos 20 do século XX tem caracterizado este território.

A intensa extração de carvão e de uma variedade compacta do mesmo, o Antracite, foi durante 100 anos a principal fonte de retorno económico de Castelo de Paiva, resultado da sobre-exploração de Pejão Velho e do Fojo. A ADEP, enquanto organização local focada na preservação do património histórico, ambiental e cultural de Castelo de Paiva pretende, através deste projeto, definir um plano de intervenção e alerta para a preservação do património da região e promoção da recolha de desperdícios depositados em áreas adjacentes às primeiras minas.

Com este objetivo, está em fase de cimentação um pequeno roteiro na forma de percurso pedestre que visa assinalar os principais pontos de exploração e desperdícios acumulados, em consequência das primeiras minas.

Este percurso servirá não só para conhecer a história de Pejão Velho, mas também como forma de sensibilização dos visitantes para as características ambientais e geológicas desta região.

Em simultâneo, a área que circunscreve o Pejão Velho e o Fojo é marcada pela riqueza em pedras fósseis, que detêm entre 300 a 400 milhões de anos, pelo que surgiram na mesma faixa geológica do Antracite. A ADEP considera vital dar a valorização das características deste lugar, sendo este um marco dos primórdios da fauna e flora em Portugal. Neste sentido, o percurso irá estabelecer um ponto de observação de extratos de pedras fósseis encontrados ao longo dos anos, derivados da extração de minérios. “É fundamental dar a reconhecer e valorizar o património histórico, ambiental e geológico desta região. Há uma longa memória (de cem anos de história) de trabalho no Pejão, muitas gerações trabalharam nestas minas e o sustento de muitas famílias dependeram das mesmas. Por outro lado, não era uma forma de trabalho sustentável, mas foi de facto a fonte de rendimento de muitas famílias que habitaram em Castelo de Paiva. É importante registar esta história.”, explica Martinho Rocha, dirigente da ADEP.

Os materiais desperdiçados que acabaram por ficar depositados nesta área, nomeadamente depósitos de carvão, tiveram um papel determinante na preservação do incêndio de 2017 que afetou a região e os seus terrenos férteis, alimentando as chamas durante cerca de um ano.

Martinho Rocha reforça que a implementação deste projeto teve como maior desafio “mobilizar a sociedade civil e as instituições para um projeto global que visasse o maior aproveitamento possível em termos de memória, matéria e até ao nível histórico de tudo aquilo que esteve relacionado com a exploração do carvão em Portugal e no mundo. Também daquilo que deve ser a conversão deste meio energético para uma energia mais limpa e amiga do ambiente. Temos de unir forças neste sentido”.


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