Todos merecem uma segunda oportunidade

Na AMI trabalhamos com pessoas e, por isso, o nosso trabalho não se pode reduzir a números estatísticos. Respeitamos o tempo e a particularidade da história de vida de cada beneficiário, procurando encontrar as respostas mais adequadas à sua situação. Só assim é possível contribuir para a melhoria das situações de vida das pessoas que procuram o nosso apoio. Partilhamos a história deste nosso beneficiário acompanhado pelo Centro Porta Amiga do Funchal, que, após uma vida atribulada, recebeu uma segunda oportunidade e decidiu aproveitá-la:

Joaquim (nome fictício) é um jovem de 28 anos, ex-recluso, acompanhado pelo apoio social e pelo Pólo de emprego no Centro Porta Amiga do Funchal. Oriundo de uma família disfuncional, Joaquim passou por várias instituições de acolhimento na Região Autónoma da Madeira e em Portugal Continental.

Começou a praticar delitos desde muito novo, o que acabou por resultar no cumprimento de uma pena de prisão de 4 anos.

Um dia depois de ser libertado (cumpriu a pena na totalidade), Joaquim procurou apoio no Centro Porta Amiga do Funchal, para conseguir encontrar alojamento. Como os preços de arrendamento do quarto eram acima dos seus rendimentos, enquanto era agilizado o processo de requerimento do RSI em articulação com a Segurança Social conseguimos assegurar o pagamento de alguns dias de alojamento através do Fundo para o desenvolvimento e promoção social. Em contrapartida, foi delineado um acordo de inserção para que Joaquim começasse a frequentar as atividades de animação do Centro Porta Amiga e, ao mesmo tempo, foi prestado apoio social para fazer face às necessidades básicas (alimentação, produtos de higiene, roupa de cama, roupa interior).

Após este processo, Joaquim inscreveu-se no pólo de emprego, recebendo orientação na elaboração do currículo e no requerimento de documentos em vários serviços (Instituto de Emprego, Finanças e Junta de Freguesia), deparando-se com a dificuldade de alguns terem que ser pagos, pelo que contou com o nosso apoio.

Ajudámos também na candidatura a alguns projetos que decorreram no seguimento do Programa Municipal de Formação e Ocupação em Contexto de Trabalho.

“Não passa de hoje. Vou encontrar trabalho!”

Apesar de um historial marcado pela pobreza e exclusão social, Joaquim saiu da prisão determinado a mudar de vida. Sempre munido de atitude positiva e na procura ativa de emprego, chegou a afirmar numa das visitas ao centro: “Não passa de hoje. Vou encontrar trabalho!”. Tinham passado 2 semanas desde a sua libertação.

Nesse dia, deparou-se com uma oferta de emprego no placard informativo do polo de emprego. Tratava-se de uma empresa de construção civil que procurava candidatos para várias funções, tendo uma delas chamado a atenção de Joaquim, que ligou para o número e marcou entrevista. No dia seguinte, Joaquim começou a trabalhar em período experimental de 15 dias. Três meses depois, Joaquim continuava a trabalhar na empresa de construção civil, com contrato celebrado por tempo indeterminado.

Por altura do Natal, Joaquim teve férias e veio ao centro agradecer-nos. Demonstrou estar bem, empenhado, com vontade de continuar a trabalhar e melhorar a sua vida.