Mais de 9000 pessoas apoiadas pela AMI em Portugal em 2019

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Ao longo de 25 anos de intervenção social em Portugal, a AMI já apoiou mais de 70.000 pessoas.

Só em 2019,  em Portugal Continental e Ilhas, apoiámos 9.788 pessoas, das quais 1.984 procuraram os nossos serviços pela primeira vez.

Os serviços mais solicitados foram o acompanhamento social, procurado por 54% dos nossos beneficiários, seguindo-se a satisfação de necessidades básicas, com a distribuição de géneros alimentares (52%), o roupeiro (30%) e o refeitório (18%).

Refira-se que o apoio alimentar continua a ser uma das necessidades mais apontadas pelos nossos beneficiários, e é essencial para que se consigam resultados efetivos na melhoria das suas condições de vida. A alimentação é uma questão de sobrevivência que, se não for resolvida, condicionará todo o trabalho de intervenção social.

Ao apoio médico e de enfermagem recorreram 573 pessoas (6%), tendo sido registadas 604 e 3.327 utilizações de cada um destes serviços, respetivamente, sendo de destacar que este apoio é totalmente assegurado por voluntários.

O apoio psicológico, frequentado por 186 pessoas, foi utilizado 1.961 vezes.

A nossa intervenção é multidisciplinar, desenvolvida e adaptada às necessidades de cada beneficiário, pelo que, sendo o emprego um dos fatores determinantes na potencial inclusão dos beneficiários, o apoio ao emprego é também um dos serviços disponibilizados em 5 equipamentos sociais da AMI. Em 2019, das 328 pessoas apoiadas pelos clubes de emprego da AMI (5% dos beneficiários em idade ativa), 103 conseguiram encontrar um trabalho.

Na AMI, trabalhamos com pessoas e, por isso, o nosso trabalho não se pode reduzir a números estatísticos. Respeitamos o tempo e a particularidade da história de vida de cada beneficiário, procurando encontrar as respostas mais adequadas à sua situação. Só assim é possível contribuir para a melhoria das situações de vida das pessoas que procuram o nosso apoio.

Partilhamos, assim, a história de um, entre tantos outros beneficiários da AMI:

O Senhor V. tem 48 anos, é solteiro, sem filhos, tem o 2ºciclo e há 2 anos que não tem um trabalho estável. Os pais separaram-se na sua juventude e o falecimento da mãe, por quem sempre teve um grande carinho, deixou-o muito abalado, exacerbando os seus comportamentos aditivos.

Embora mantenha contacto com o pai e o irmão, a sua relação com ambos é instável e não contribui para uma rede de suporte familiar segura.

Após o falecimento da mãe, a vida do Sr. V. tornou-se mais difícil, uma vez que os bens que a mãe lhe tinha deixado, incluindo a casa, haviam sido penhorados. Determinado a preservar o bom nome da mãe, o Sr. V. fez questão de pagar algumas dívidas.

Porém, precisava de dar um rumo à sua vida e decidiu emigrar para o estrangeiro, onde trabalhou durante alguns meses, parecendo, nessa altura, que a sua vida estaria a ganhar, novamente, alguma estabilidade, de tal forma, que decidiu vir a Portugal passar o Natal.

Devido a um infeliz acidente doméstico, não conseguiu regressar, e, como tinha começado a trabalhar há pouco tempo, não teve direito a quaisquer benefícios sociais. Ainda contou com a ajuda temporária de alguns amigos, mas acabou por ter que ir viver para a garagem da antiga casa da mãe, da qual ainda tinha a chave. Desnecessário será dizer que vivia em condições muito precárias e de insalubridade, tendo sido nesta fase que o consumo de álcool e outras substâncias aditivas aumentaram. Algum tempo depois, descobriu que era portador de uma doença grave.

Foi nesta altura que o Sr. V. recorreu ao Centro Porta Amiga da AMI, onde passou a fazer a higiene e as refeições, iniciando, também, o processo para receber o Rendimento Social de Inserção. Concomitantemente, procurou ajuda na Unidade de Alcoologia e começou um processo notoriamente positivo, sobretudo devido à sua força de vontade e motivação. Com este processo a decorrer e mantendo-se abstinente, conseguiu ser admitido no Abrigo Noturno da AMI, iniciando, assim, um caminho de crescimento pessoal, sempre focado no seu principal objetivo: autonomizar-se e ir trabalhar para o estrangeiro, onde tinha elementos da família, que constituíam a sua verdadeira rede de suporte e que o poderiam ajudar.

O Sr. V. adaptou-se muito bem às regras do Abrigo e estabeleceu uma excelente relação com os colegas, manifestando interesse e motivação em ocupar o seu tempo da forma mais proveitosa possível, tendo sido, por isso, encaminhado para formação profissional. Enquanto esteve no Abrigo, iniciou os tratamentos de saúde, o que o deixou muito esperançoso já que, quando conseguisse ficar estável, poderia cumprir o seu desejo de ir viver e trabalhar fora do país.

O Sr. V. revelou-se um exemplo a seguir pelo seu comportamento exemplar e pelo cumprimento das regras da instituição. Foi um residente com uma participação muito ativa e entusiasmada nas atividades realizadas no Abrigo.

Após concluir os tratamentos de saúde, o Sr. V. sentiu que estava na altura de se autonomizar, já que havia surgido uma oportunidade de trabalho fora do país, junto de alguns familiares, como tanto desejara, o que facilitaria a sua adaptação ao trabalho, ao país, à língua e aos costumes.

No início deste ano, o Sr. V.S. deixou, orgulhosamente, o Abrigo, para iniciar uma nova e, certamente, feliz fase da sua vida.


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