“Hoje o Pinhal de Leiria é um deserto, se todos plantarmos uma árvore voltará a ser uma floresta magnífica”

Cresceu com o Pinhal de Leiria ao seu redor, viu fogos e vitórias, mas nada tão devastador como os incêndios de 2017 que consumiram 9.500 hectares de um total de 11.000 que compunham aquela floresta. Maria Antónia Mota estende o olhar sobre montes e vales de terra enegrecida pelas cinzas e recorda “a floresta que existia, fruto de uma floresta mãe, semeada à mão por ordem do rei D..Dinis, há mais de 740 anos”.

A voluntária de ações de reflorestação organizadas pela AMI no âmbito do projeto Ecoética afirma que “hoje o Pinhal de Leiria é um deserto, se todos plantarmos uma árvore voltará a ser uma floresta magnifica”. Para Maria Antónia Mota é “impossível ficar indiferente e não ajudar a reerguer o que existia”. Sem hesitar, lança mãos à terra, num grupo com cerca de 100 voluntários vindos da AMI, Novo Banco, ALDI, Fundação Escola Americana de Lisboa e Secretaria–Geral da Presidência de Conselho de Ministros.

Um por um, plantaram-se 7.000 novos pinheiros-bravos no talhão n.º 316 do Pinhal de Leiria nos dias 17 e 18 de março deste ano. As jovens árvores têm ainda pela frente cinco anos durante os quais a AMI garante a sobrevivência da floresta que está a ajudar a erguer.

Num horizonte que o fogo transfigurou em montes desertos “talvez estas frágeis árvores sejam como gotas num oceano”, comenta Cláudia Fonseca, também voluntária em ações de reflorestação promovidas pela AMI. A esperança de conseguir mudar algo leva-a a continuar pelo terreno, até ao fim do carreiro que tem a missão de plantar.

Com uma caixa de pequenos pinheiros-bravos na mão, Cláudia Fonseca imagina como será “daqui a alguns anos passar pelo Pinhal de Leiria e ver que foi possível fazer a diferença, com os gestos de centenas de pessoas”.

Os passos são pequenos e de cada vez que morrem algumas das jovens árvores, dão-se outros tantos para atrás. Depois, a resiliência de voluntárias como Marina Henriques e Mónica Grácio regressa ao Pinhal de Leiria e “as árvores são substituídas, até um dia terra e floresta voltarem a sincronizar no mesmo compasso”.

As duas voluntárias viram o Pinhal de Leiria arder e esperam continuar a ver nascer ações de reflorestação no local, “feitas por organizações que, tal como a AMI, além de plantar, monitorizam, para que a floresta não fique ao abandono e o trabalho não seja em vão”. Do Estado esperam que “o trabalho continue a ser feito, pois é com ele que está a responsabilidade da maior parte dos terrenos”.

Gestora da empresa Sentido Verde, Cristina Gomes trabalha em parceria com a AMI desde 2017, para ajudar a concretizar os planos do Ecoética. Acompanha as ações de reflorestação no Pinhal de Leiria e assume que “sob o mote ‘Vamos todos ser Dinis’ a sociedade civil já ajudou a reconstruir cerca de 15% da floresta”.

A caminhada da AMI rumo à proteção e conservação da floresta portuguesa começou em 2011 com o projeto Ecoética e desde então foram plantadas mais de 25 mil árvores de espécies autóctones, recuperando 220 mil m2 de área ardida.

Fotografia: José Ferreira/AMI


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