Entre a Ucrânia e a Hungria, uma rota em nome da saúde

A Clínica de Ambulatório N.º 7 já prestou cuidados de saúde a 7.800 deslocados ucranianos deslocados de várias regiões da Ucrânia onde ocorrem conflitos armados. O equivalente a mais 650 atendimentos por mês, desde o início da guerra que incluem, além de consultas, o acesso a medicação, em muitos casos crónica, que a AMI ajuda a financiar.

Há um ano que Elina Antalovska viaja entre Uzhhorod, na Ucrânia, até Vásárosnámeny, na Hungria, para adquirir medicamentos que a AMI ajuda a financiar, tendo já aplicado cerca de 20.000,00 euros neste projeto de apoio à população ucraniana deslocada devido à guerra. A maioria das viagens são feitas no seu próprio carro, nos momentos em que consegue afastar-se um pouco da Clínica de Ambulatório N.º 7, para chegar até à farmácia Stella Patika. E apesar das dificuldades diárias em manter a clínica a funcionar com constantes cortes de energia, a médica afirma que, no que estiver ao seu alcance irá “continuar a defender e ajudar a população afetada pela guerra”.

Com este plano de acesso a medicamentos, no último ano foi possível prestar cuidados de saúde a 7.800 deslocados ucranianos de várias regiões do país onde ocorrem conflitos armados. O equivalente a mais 650 atendimentos por mês, além dos 6.000 pacientes residentes em Uzhhorod que já recebiam cuidados de saúde na Clínica de Ambulatório N.º 7. Para os pacientes residentes, a AMI também comparticipa medicação para a qual não tenham meios para adquirir ou que não esteja disponível na farmácia da clínica.

Durante um rigoroso inverno como o de 2023 que, além de temperaturas a rondarem os 20 graus negativos, ficou marcado por cortes energéticos que impediram o aquecimento das casas, “as populações ficaram sujeitas a mais infeções respiratórias e a procura de antibióticos disparou” conta Elina Antalovska. Neste cenário, o apoio da AMI permitiu organizar reservas de medicamentos para garantir cuidados médicos durante o inverno e por mais um ano, pelo menos.

Segundo os dados recolhidos recentemente pela Câmara Municipal de Uzhhorod, desde o início da guerra passaram pela cidade 10.400 pessoas deslocadas e destas 4.400 fixaram residência. O Conselho da Cidade assinala que se tratam de “deslocados de guerra que recorreram aos serviços humanitários da cidade em busca de ajuda para encontrar moradia temporária”. Atualmente, existem mais de 30 locais dedicados à receção de deslocados em Uzhhorod.

Elina Antalovska reconhece este movimento migratório no quotidiano da Clínica N.º 7, em que “doze médicos dão o seu melhor para que ninguém fique sem acesso a cuidados de saúde, mesmo quando faltam coisas tão simples como a luz para ligar um computador no consultório”. Ainda assim, a médica reconhece “quem podia fugir da guerra, partiu nos primeiros seis meses”.

De março a maio de 2022, “por Uzhhorod chegaram a passar cerca de 500 ucranianos por dia, em direção à fronteira com a Hungria” recorda Elina Antalovska. No verão, o movimento da população baixou e “depois da anexação de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson como território russo, as deslocações ficaram mais difíceis de concretizar”.


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