Emergência Moçambique – diário de bordo de Ana Paula Cruz

19 de março de 2019

Após a passagem do ciclone em Moçambique, Malawi e Zimbabwe, os números oficiais falam em 400 mortos.

Sabemos todos que o número é bem maior.

Nas notícias dos canais de televisão continuam a dizer que não há mortos portugueses, porque é sempre só isso que importa…

Os outros não nos morrem.

💔

24 de março de 2019

A caminho de casa. Ou do que dela restar. Adoro o chão do aeroporto porque é a última terra firme antes do voo

E o último sítio mais perto onde nos sentamos, mesmo quando o coração está já longe.

Não que seja longe, só não está aqui.

Sou mesmo agradecida que a minha vida em 48h caiba toda numa mochila de 17kg e num coração, esse muito mais pesado, muito mais apertado, muito mais cheio.

Ao contrário do foco político e dos media, não me preocupa especificamente a população portuguesa afetada. Não mais, entenda-se, do que todos os restantes. Não mais do que ninguém.

Na verdade, preocupa-me mais esses “outros” a quem o mundo nunca dá pela falta, esses que não morrem a ninguém.

Preocupam-me esses critérios que fazem uns mais nossos do que outros. Como se não tivéssemos de cuidar de todos, de salvar todos.

Moçambique vai precisar da nossa ajuda – de todos, enquanto Mundo – nos próximos meses e anos.

Não podemos deixá-los cair no esquecimento quando deixar de ser notícia, quando deixar de abrir os telejornais, quando a fadiga mediática se instalar.

Não podemos esquecê-los.

É ainda cedo para perceber o impacto desta catástrofe, mas o pior na verdade ainda não passou. A lista de mortos vai continuar a aumentar, o número de deslocados internos também e os surtos de cólera e malária talvez não demorem muito.

E a AMI está a angariar fundos para esta missão de emergência.

Temos material para montar o hospital de Campanha, medicação, alimentos.

E o coração com esta certeza de que o Mundo é mais casa quando estamos juntos, somos juntos, doemos juntos, salvamos juntos, curamos juntos.

E se há sítios no Mundo onde falta tudo então que pelo menos não lhes faltemos nós.

❤️ A caminho de casa. Ou do que dela restar.

31 de março de 2019

Ao sobrevoarmos a Beira há uma semana, o nosso desafio era contar as casas com telhado.

São poucas, demasiado poucas.

Há toda a destruição visível: Edifícios destruídos, árvores caídas, postes de eletricidade no chão, terrenos alagados.

Depois há a destruição que só se vê na consulta ou quando vamos conversando com as pessoas na rua: falta de comida, porque as machambas foram destruídas, falta de casa e de segurança, escolas destruídas e crianças sem ir à escola, feridas das chapas do telhado que voaram e atingiram as pessoas, mortes pelas paredes e árvores que caíram.

Essa dor e essa perda que nem sempre se vê.

Mas o problema não é só o ciclone e as cheias.

O problema é como o Mundo – eu e tu – continua a negligenciar países como Moçambique, não lhes permitindo ter capacidade de recuperar de um evento como este, condenando-os de maneira crónica a uma pobreza que é perda e dor durante o ano todo.

Hoje montámos o nosso hospital de Campanha no centro de saúde onde temos trabalhado para fazer frente ao número de diarreias agudas e ao anúncio oficial de surto de cólera.

Não sabemos como serão os próximos dias, mas sabemos que estamos cá e que estamos prontos porque acreditamos, todos os dias, que o mundo é um sítio melhor quando estamos juntos.

Tamu junto.

Continuamos a precisar de donativos e continuamos a seguir juntos.

Seguimos junto.

 

7 de abril de 2019

Dia da mulher moçambicana:

Mulher-força, Mulher-mãe, Mulher-coração,

Mulher-revolução.

Mulher-casa, Mulher-amor, Mulher-colo.

Mulher-luz, Mulher-cor, Mulher-coragem.

Mulher-alegria, mas também

Mulher-invisível, Mulher-criança, Mulher-silêncio,

Mulher-de-alguém, Mulher-tapada, Mulher-calada,

Mulher-explorada, Mulher-objeto, Mulher-menor,

Mulher-sombra, Mulher-cansaço.

Mulher.

Dia duma celebração

Que também é luta

Para que um dia seja só

Mulher-o-que-ela-quiser.

❤️

9 de abril de 2019

Não somos silêncio.

Há silêncios impossíveis. Um coração que não bate. Um tórax que não expande. Um pulso que não se palpa.

Um corpo sem vida. Silêncio.

Comprime, ventila. Silêncio. ‘Volta, vamos’. Silêncio.

Queres chorar, mas não dá tempo. Silêncio.

Comprime, ventila. Silêncio. Continua. Não pares.

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Aceita o silêncio. Limpa. Cobre com uma capulana. Silêncio. Só silêncio. Aos que morrem em silêncio. Aos que morrem sem que o Mundo saiba.

Aqui morre-se por coisas que ninguém devia morrer.

Muito. Todos os dias.

E enquanto metade do mundo ignorar a outra metade que morre,

Eles vão continuar a morrer.

Silêncio.

Ao D. de 14 anos que hoje morreu por cólera.

Não és silêncio. 💔

14 de abril de 2019

Há exatamente um mês acontecia uma das noites que por aqui ninguém irá esquecer. Entre as 19h e a 1h da manhã o vento soprou com uma intensidade diferente.

E o medo e a destruição também foram diferentes.

Desde que iniciámos a nossa missão aqui, assistimos cerca de 800 doentes.

Um número vazio comparado com a intensidade da vida de cada um que tivemos a sorte de cuidar.

E na verdade, a única coisa que importa nesse número abstrato é que é composto por tantas pessoas individuais,

Tão preciosas nesse milagre de vida que cada uma é,

Com histórias tão especificas, com corações tão únicos, com feridas tão próprias.

A missão é sempre sobre cada uma delas.

Desengane-se quem vê o mundo só através de estatísticas, números ou gráficos,

Não são números ou gráficos: são pessoas.

Tão pessoas. Sempre pessoas.

E a missão é sobre cada uma delas

E sobre a especificidade das dores que carregam.

O nosso foco, por necessidade, tem sido claramente as diarreias agudas.

Mas não tratamos só diarreias aguda.

Isso seria reduzir a nossa missão a nada.

Cuidamos também do medo, da dor, da perda.

Damos a mão, abraçamos, aliviamos a carga.

Sofremos juntos, como quem deixa doer em si as feridas dos outros

Nessa graça bonita que é doer tudo, doer todos.

Saímos do nosso hospital todos os dias com o coração apertado, cansado, dorido, partido,

Mas ao mesmo tempo tão aliviado e agradecido por saber que escolhemos estar do lado dos que cuidam, dos que se preocupam, dos que acham que todas a vidas são importantes.

E é só isso que importa: cada uma dessas vidas que cuidamos.

É sempre sobre elas.

É sempre por elas.

Todos os dias.

❤️

18 de abril de 2019

O dia-a-dia aqui está cheio de momentos preciosos.

No meio da confusão de imensas pessoas e imensas consultas, de repente há estes dois lindos a ignorar o resto do mundo e a passear-se em fralda enquanto esperamos (nós, eles não esperam nada) para reavaliá-los.

E é uma graça tão-demasiado-grande poder observá-los durante uns minutos.

E durante esse tempo não há preocupações com cólera, com sinais de desidratação, com número de dejeções, com vómitos, com multiplicar kg por mg, com gestão stock de medicamentos, com fazer contas às diluições de cloro, com preparação de saquetas de reidratação oral.

Durante esses minutos há só duas crianças a brincar.

Ignorando que estão doentes, ignorando que existiu um ciclone, ignorando o hospital de campanha, ignorando a confusão, ignorando-nos a nós, às nossas preocupações e aos nossos medos.

Nada mais: só duas crianças a ser crianças.

Que alívio. Ainda são crianças. Só crianças.

Como se ao vê-las a ser, algo se acalmasse em nós.

Aproveitamos para descansar e respirar (quando foi a última vez que respirámos?),

E lembrar-nos que vai tudo ficar bem.

Ainda são crianças.

❤️ [casa, Beira, Moçambique. AMI. 2019 e sempre]

21 de abril de 2019

A coisa bonita de ver pessoas a caminho de casa. [casa. beira, moçambique. AMI. 2019 e sempre]

29 de abril de 2019

A ciência há-de ter outras teorias,

Mas se me perguntarem de onde vêm os bebés,

Aqui a resposta é fácil:

Vêm das capulanas das mamãs.

Esse colo que é casa, primeira casa, única casa.

A maneira como o mundo se acalma

Quando repousam nesse amor

Confirma essa certeza:

Nasceram de lá, nunca saíram de lá, voltam sempre lá.

Capulana-casa,

Capulana-amor.

3 de maio de 2019

E para os dias difíceis, que nunca nos falte amor e sais de hidratação oral.

❤️ [casa. beira, moçambique. AMI. 2019 e sempre]

12 de maio de 2019

Sabem o que são 2000 pessoas?

Eu também não.

Mas sei quem é a Bana, o Jerónimo, a Carolina, o Abílio, a Elisa, a Ana, o Joshua, a Yara, o Zelito, a Francisca, o Eduardo, a Dóris, o Claude, a Dionísia, o Afonso, a Teresa, o Domingos, a Amélia, o Elias, a Sara, a Marcela, a Cecília, a Maria, o Albano, o Alberto, a Gilda, o António (…).

2000-nomes, 2000-pessoas, 2000-corações.

E todos tão preciosos. A cada um deles que tivemos a sorte de cuidar:

Que alívio saber que sabem que não nos são número,

Que nos são pessoa,

Que nos são coração;

E que graça poder cuidar de cada um num momento tão difícil,

depois do coração já ter apertado demais.

A cada um que ajudou aqui a cuidá-los:

Que sortuda que sou por caminharmos juntos,

Cuidarmos juntos,

Amarmos juntos.

A cada um que, ainda que à distância, os cuida também:

Que agradecida sou por perceberem que partilhamos o mesmo mundo, que doemos da mesma maneira. Obrigada. Somos amor. Só amor. Sempre amor.

[casa. beira, moçambique. AMI. 2019 e sempre]

❤️

15 de maio de 2019

Há pouca coisa que me inspire mais do que o amor e a resiliência humana.

Búzi é uma das localidades mais afetadas e ao mesmo tempo mais isoladas e onde a ajuda humanitária é mais difícil de chegar.

Dois meses depois do ciclone, há árvores que continuam caídas, há casas que continuam no chão. “Caiu tudo, mas continuamos de pé” – dizia-nos o Papá que vive nesta casa.

Caiu tudo. Caiu mesmo. Mas eles não.

A força com que a vida continua dentro deles é assustadora, um desses assustador-inspirador. Continuam sempre. Seguem sempre.

Apesar do que perderam,

Apesar do que lhes morreu,

Apesar do que lhes falta e do que lhes vai faltar para sempre.

Continuam sempre.

Não como quem não se deixa doer, mas como quem segue doendo,

Mais magoado, mas mais vivo. Penso neles e penso no Mundo.

E penso que precisamos mesmo de des-hierarquizar as nossas sabedorias

E a nossa visão do Mundo tão ocidentalizada

E de fazer destes ensinamentos graça,

Na certeza de que são eles que nos ensinam

Tanto

Todos os dias.

❤️

21 de maio de 2019

Só se descansa no amor.

Esse mesmo amor que nos embala devagarinho.

Sem ter pressa, sem ter para onde ir, sem mais nada.

Esse mesmo amor que nos devolve o coração, que nos cuida, que nos cura. E se só se descansa no amor, então descansemos. Todos os dias.

Todo o amor.

24 de maio de 2019

Na semana passada fomos votar aqui no Consulado de Portugal na Beira.

E é mesmo engraçado como nunca consigo pensar em nada fora das coisas que vão acontecendo no sítio em que estou em missão.

Mas neste caso não tinha como não conseguir.

A verdade é que não podemos estar no mundo sem pensar no mundo.

E precisamos tanto de pensar o mundo. Enquanto votava pensava neles.

Em cada um destes habibis lindos que conheci no campo de Kara Tepe em Lesbos. Pensava neles e em como gostava que a Europa os tivesse sabido acolher, cuidar.

Como gostava que a minha casa lhes fosse casa.

Mais casa, menos fronteira.

Mais acolhimento, menos indiferença.

Mais ponte, menos muro.

O teu voto pode ser casa, acolhimento, ponte.

Informa-te. Esclarece-te. Conhece-te.

Só não deixes de votar.

E se a Europa pode ser o que nós quisermos, então que seja amor.

❤️

26 de maio de 2019

É incrível como o amor pode ser tão silencioso como uma criança que calmamente pinta o seu coração num papel. Um desses silêncios bonitos que poderia falar tão alto se ainda os soubéssemos ouvir. Ainda te sei ouvir.

Sabes não sabes?

❤️

13 de junho de 2019

É o teu silêncio que mata mais Mundo.

Sabias?

No sudão vivem-se dias de claro massacre. Centenas de mortos, mulheres violadas, milhares de feridos. e ainda assim

Silêncio.

Porque é África. Porque são pessoas de pele escura. Porque são muçulmanos.

Silêncio. Mas não é só no sudão que o silêncio mata. Há 3 dias confirmaram o primeiro caso de ébola no Uganda.

Silêncio.

Já morreram na República Democrática do Congo desde o início do surto 1384 pessoas. Silêncio.

Só em África há 17 crises humanitárias.

Mali. Silêncio.

Burkina Faso. Silêncio.

Nigéria. Silêncio.

Níger. Silêncio.

Camarões. Silêncio.

República Centro Africana. Silêncio.

Etiópia. Silêncio.

Líbia. Silêncio.

Mas também não é só em África.

Morreram pelo menos 543 pessoas desde o início do ano na travessia do Mediterrâneo. Silêncio.

Os conflitos no nordeste da Síria impedem desde abril a distribuição de comida pelas Nações Unidas.

Silêncio.

Os ataques com mísseis no Iémen multiplicam-se.

Silêncio.

Os bombardeamentos no Afeganistão são diários.

Silêncio.

O genocídio na Palestina continua.

Silêncio.

Os Rohingya continuam a viver e a morrer no maior campo de refugiados do mundo. Silêncio.

Na Venezuela o número de migrantes e refugiados ultrapassa os 3 milhões.

Silêncio. (…) Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Só silêncio. Não ouves falar deles nos telejornais, nas rubricas dos programas da manhã, nas reuniões entre decisores políticos, nas conversas com os teus amigos.

Não ouves falar deles e, portanto, não os ouves.

Silêncio. Só silêncio.

E o Mundo vai continuar a ser silêncio enquanto continuarmos com essa empatia seletiva – hipócrita e assustadora – que condiciona a nossa voz.

Silêncio. Fala deles. Eles não são silêncio. ❤️

20 de junho de 2019

Dia Mundial do Refugiado

Tens um dia só sobre ti.

Desculpa ser só um e desculpa se ninguém te perguntou se querias um dia só teu, mas é que precisamos tanto de falar de ti.

Desculpa chamar-se dia mundial do refugiado.

Eu sei o peso que sentes com essa palavra, tão generalizada, tão vazia. Sei como ela tantas vezes faz com que te olhem rápido demais, como te rotula, te estigmatiza, te marginaliza.

Desculpa que hoje se fale tanto de números grandes, mas acreditas que há mais 71 milhões de pessoas como tu que tiveram de fugir das suas casas?

Claro que acreditas. Não fugiste sozinho… Ou fugiste.

Sei que estamos sempre sozinhos quando o mundo nos obriga a fugir. Sozinhos o suficiente para ninguém o ter evitado.

Desculpa.

Sabes que não é culpa tua não sabes?

Vais ouvir pessoas a dizer que é, que escolheste ser refugiado, que escolheste fugir, que devias voltar para a tua terra. Não as ouças. Prometes que não as ouves? Quem diz isso não sabe o que é não ter terra para onde voltar, não sabe o que é a casa deixar de existir, não sabe o que é a violência que te fez fugir, não sabe o difícil que é não ter opção.

Não tens culpa.

Desculpa por o mundo não ser bom o suficiente para te tirar automaticamente dum sítio onde não estás seguro e teres de percorrer caminhos igualmente perigosos e violentos em busca dessa segurança.

Sei como é fácil perderes-te. Tantas vezes para sempre. No deserto, no mar, na floresta, nas partes de trás de carrinhas que não sabes para onde vão, em centros de detenção onde esperas pelo dia que te levem.

Sei como é fácil perderes-te e sentires que ninguém daria pela tua falta porque esses caminhos são também cemitérios anónimos, mar-cemitério, deserto-cemitério, mundo-cemitério.

Desculpa quando chegas – se chegas, chega por favor – se ninguém te pergunta o que perdeste pelo caminho, onde te dói, se esse vazio é fácil de suportar.

Desculpa que te façam tantas outras perguntas, tão menos importantes.

Desculpa que essa tenda à beira de tantas outras – milhares às vezes – com redes e arame farpado a toda a volta seja a maneira como te acolhemos, tu que merecias um sítio onde finalmente repousar, descansar o coração, aquecer-te desse frio que dura há tanto tempo. Faz frio aí dentro não faz? E descansar também não é possível quando a negligência é tanta que se faz violência.

Desculpa que sintas que o mundo continua a não te ser casa, que continuemos a não te saber ver como pessoa, que ninguém te queira saber o nome.

Desculpa. Desculpa não estar aí para te abraçar hoje, não te dizer que ainda és amor. Mas és. Prometes que não te esqueces? Pensei melhor e hoje não é o dia mundial do refugiado. Hoje é o dia mundial do teu nome e eu sei o teu nome.

Prometo que sei o teu nome. ❤️

F. campo de refugiados de Kara Tepe, Lesvos, Grécia. 2016 e sempre. K. campo de refugiados do Lóvua, fronteira RDC, Angola. 2017 e sempre. R. campo de refugiados Rohingya, Cox’s Bazar, Bangladesh. 2018 e sempre.

22 de junho de 2019

O fim da minha missão

É sempre a parte mais difícil de escrever, não é? Como é que se resume? Como é que se encontra as palavras certas? Como é que aceitamos o que fica por dizer porque não sabemos como dizê-lo?

Não sei.

Só sei que esta missão teve momentos muito duros e exigentes, mas foi, mesmo nos dias mais escuros, grande.

Só sei a sorte que tenho em ter vestido esta t-shirt vermelha todos os dias e ter estado por perto e ter podido cuidar cada uma destas pessoas.

Só sei que não cuidamos só através da medicina e de fármacos, cuidamos através do amor, da serenidade, da calma dos encontros bonitos sem pressa, da esperança de um mundo que afinal os vê. Que curamos através das mãos que se dão e dos olhares que cruzam.

Só sei que também não curamos só as vidas que salvamos, que curamos também nos abraços de um luto que não conseguimos evitar e nas palavras de conforto das perdas que não soubemos impedir. Mas sei que curamos, nessa certeza bonita de que o amor cura sempre.

Só sei que esta missão teve um impacto muito importante na reconfirmação da minha crença do mundo como casa e na necessidade urgente de estarmos juntos e doermos juntos, para sermos juntos.

Somos juntos. Só sei isso.

[casa. beira, moçambique. AMI. 2019 e sempre]

 


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