Crises Humanitárias ou Humanidade em crise?

A pandemia de Sars-Cov-2 transformou o mundo e os arquétipos em que as sociedades se configuram, acentuando crises humanitárias pré-existentes e negligenciadas (ou mesmo provocando-as), que ficaram na sombra de uma paralisação global.

As consequências do caos provocado por crises humanitárias despoletadas sobretudo por guerras, conflitos armados e catástrofes naturais são incomensuráveis. A vida e a dignidade de milhões de pessoas são todos os dias ameaçadas por conflitos, perseguição, extremismo, pobreza, insegurança alimentar, devastação climática ou por interesses políticos e económicos.  

A gestão de crises humanitárias é inglória. As populações afetadas não encontram nos seus países respostas e soluções efetivas para o restauro da sua segurança e das suas vivências, ativando, por isso, um conjunto de mecanismos de mobilização de organizações humanitárias, ajuda internacional e solidariedade concertada entre ONG e entidades estatais para a mitigação das consequências e assistência às vítimas. Conflitos ou desastres acabam por cessar, mas os seus efeitos não, estendendo-se no tempo e em ciclos geracionais de pobreza, miséria e esquecimento. 

O envolvimento das comunidades internacionais para a assistência e intervenção em emergências humanitárias começou numa Europa devastada no rescaldo da Segunda Guerra e início da guerra fria, com a criação das Nações Unidas em 1945, mas a cooperação das nações que integram este organismo é fundamental e nem sempre imparcial, o que dificulta a criação de respostas concertadas a vários níveis.  

Em 2022, a OCHA prevê que mais 38 milhões de pessoas precisarão de ajuda humanitária relativamente ao ano anterior, ou seja, um total de 274 milhões de pessoas vivem atualmente sem garantias dos direitos fundamentais e consequentemente com carências profundas, como fome, falta de abrigo e habitação, acesso à saúde e à educação.  

Para dar resposta a estas crises, estima-se que serão necessários 41 mil milhões de dólares  só para necessidades alimentares, de saúde e de higiene em mais de 60 países.  

Nesta edição da revista AMI Notícias, iremos abordar algumas crises humanitárias que ficaram reféns do tempo e da negligência e entraremos em diálogo com atores chave no campo da intervenção humanitária em diferentes contextos para conhecermos mais profundamente quais os grandes desafios atuais da humanidade. 


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