Casos de Sucesso – Centro Porta Amiga de Cascais

A D. Maria (nome fictício) tem 83 anos. Veio de Angola há muitos anos, sem família. Tem uma origem humilde e é analfabeta. Trabalhou sempre como empregada doméstica e quando começou a frequentar o Centro Porta Amiga de Cascais, há 17 anos, já estava reformada. Vivia sozinha numa habitação social, bem perto do Centro.

Durante anos, manteve sempre a sua rotina diária. Ia ao Centro para conviver com outros beneficiários, almoçava e participava nas atividades. No fim de semana, ia regularmente à igreja e ao mercado. Há cerca de dois anos, notámos que a dona Maria estava mais calada e queixava-se de dores, das dificuldades que tinha para andar e apresentava algumas falhas de memória. Foi aí que decidimos que passaria a ser acompanhada pela nossa enfermeira voluntária, que tratava de organizar a medicação para que não se esquecesse de a tomar. Notou-se depois que, apesar disso, não administrava corretamente os medicamentos.

Por essa razão decidimos – em conjunto com a D. Maria – que passaria a tomar o pequeno-almoço no nosso Centro para tomar os medicamentos em jejum e ao almoço. Levava também os comprimidos do jantar, já que não conseguia, de forma autónoma ficar responsável pela sua medicação diária. Em reunião de equipa e de parceiros, decidimos que o melhor para a D. Maria seria conseguir uma vaga num Lar, pois sentia-se muito sozinha e já não conseguia, como antes, manter a organização e limpeza de sua casa.

Em visita domiciliar, confirmámos a sujidade da casa, sendo necessária uma desinfestação. Contactámos a Cascais Envolvente (CMC) para que fossem tomadas providências e, devido ao agravar do comportamento da beneficiária, concluímos ser urgente uma residência permanente para a D. Maria.

Após algum tempo (cerca de um ano) de espera, conseguimos uma vaga para a D. Maria numa Residência Sénior. No entanto, foi difícil aceitarem a nossa Maria, uma vez que um dos requisitos indispensáveis para a permanência na Residência, é ser designado um familiar responsável para o apoio necessário à beneficiária.

Alguns meses depois, e com a promessa de assumir esse tipo de responsabilidade, lá levámos a D. Maria à sua nova residência.

Regra geral, visitamo-la duas vezes por semana. Já tratámos da atualização da sua documentação, das idas ao seu médico de família, oftalmologista e de tudo que é necessário para o seu bem-estar. É muito gratificante ver a alegria no seu rosto quando nos deslocamos à Residência para a habitual visita ou mesmo quando a vamos buscar para nos vir visitar ao Centro. A D. Maria continua assim a poder ter um vínculo afetivo com alguns beneficiários e colaboradores do Centro e estamos certos que sabe que pode contar com o nosso apoio social e emocional. É uma das coisas que mantém a sua positividade perante a vida.

A equipa do Centro Porta Amiga de Cascais