A reflorestação de Monchique

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Em 2018 ocorreu um grande incêndio que afetou a região de Monchique, que só foi dado como extinto ao fim de 8 dias, depois de consumir 27.154 hectares de floresta.

Segundo o Relatório de Avaliação do incêndio de Monchique, elaborado pelo Observatório Técnico Independente, vários fatores contribuíram para a elevada área ardida e rápida propagação do incêndio. Em primeiro lugar, a meteorologia, em que se registaram ventos fortes e baixa humidade relativa do ar. O uso do solo no território é apontado, por este Relatório, como outro elemento de contexto essencial porque dele depende em grande parte o combustível dos incêndios. Relativamente ao território em questão, compreende-se que a área ardida no incêndio fosse maioritariamente ocupada por matos (35%) e eucalipto (35%), formações vegetais propensas a fogos rápidos e intensos, o que reflete o enorme potencial de combustibilidade desta área. Na área ardida não eram mantidos corredores ecológicos, ou seja, estruturas territoriais aproximadamente lineares, frequentemente estabelecidas ao longo de linhas de maior altitude ou de vales fluviais, para assegurarem a continuidade dos processos ecológicos entre as áreas nucleares e permitirem a conservação de valores naturais e a proteção contra incêndios.

Todos estes fatores foram determinantes para a ocorrência e propagação deste grande incêndio que afetou a região de Monchique e percorreu essencialmente área já consumida em 2003, o que pressupõe 15 anos de considerável acumulação de biomassa combustível, sobretudo florestal, sem a adequada gestão. [1]

A requalificação da área ardida é uma componente essencial do ciclo de recuperação dos ecossistemas florestais sem a qual os mesmos podem, em curto espaço de tempo, perder potencial e sofrer impactes significativos (erosão, cheias) e, sem a qual, se perde uma oportunidade de alterar os sistemas no sentido da minimização dos riscos associados aos incêndios. [1]

 

Inscreva-se na próxima ação de reflorestação da AMI, no âmbito do projeto Ecoética

 

É neste âmbito que a AMI irá intervir. Com o apoio dos nossos parceiros e ajuda de voluntários, nos dias 22 e 23 de novembro, iremos ter uma ação de reflorestação de modo a recuperar 2 hectares de área ardida na localidade de Alferce, Monchique. Os principais problemas a solucionar na área a intervencionar são a alteração da constituição do solo superficial (baixo teor de nutrientes e matéria orgânica), impermeabilização do solo (acumulação de cinza à superfície) e falta de vegetação autóctone. Assim, é nosso objetivo, devolver à Serra de Monchique a capacidade de retenção do solo, repor o ciclo hídrico natural das áreas intervencionadas e retornar a Serra de Monchique ao seu estado natural através da plantação de vegetação autóctone, promovendo assim a biodiversidade na Serra.

As árvores a plantar serão o carvalho de Monchique, a alfarrobeira, o castanheiro e o medronheiro. Estas são espécies arbóreas autóctones, escolhidas com base nas características da região, nomeadamente a altitude, o relevo da encosta, a temperatura e a humidade.

Relativamente aos trabalhos a realizar no terreno, estes passam por uma primeira fase em que se irá proceder à limpeza da área ardida. Numa segunda fase será necessário remexer o solo. Esta ação preparará o solo para as plantações pois removerá a camada de cinza que agora cobre o solo aumentando a sua capacidade de infiltração de água. A terceira fase de intervenção, na qual contamos com a ajuda dos voluntários, será a plantação das árvores e decorrerá nos dias 22 e 23 de novembro. Após plantação das árvores, executar-se-á uma hidrossementeira de espécies herbáceas de forma a reconstruir o mato de cobertura de solo original e diminuir assim a possibilidade da mesma incendiar.

 

Fonte:

[1] Observatório Técnico Independente, Castro Rego F., Fernandes P., Sande Silva J., Azevedo J., Moura J.M., Oliveira E., Cortes R., Viegas D.X., Caldeira D., e Duarte Santos F.-Coords. (2019) Avaliação do Incêndio de Monchique. Relatório. Observatório Técnico Independente. Assembleia da República. Lisboa. 78pp.


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