365 dias de guerra Russo-Ucraniana

Ação humanitária protege futuro da Ucrânia além do tempo da guerra

Fernando Nobre considera que “quando a guerra na Ucrânia deixar de ser notícia, os ucranianos vão continuar a precisar de ajuda”. Cenário em que a AMI assegura ajuda humanitária, da saúde à educação, dentro das fronteiras ucranianas, na Hungria, Roménia e em Portugal.

Na cidade de Uzhhorod, a médica Elina Antalovska acerta o movimento da Clínica de Ambulatório N.º 7 pelos cortes de energia. “A partir das 15h00 telefone, internet e luzes dispensáveis são cortadas”, com recurso a um gerador são mantidos os cuidados de saúde indispensáveis e é salvaguardada a medicação perecível. Medicamentos que, desde o início da guerra, a AMI já ajudou a financiar com 19.656,00 euros e permitiram que 25 mil ucranianos deslocados tivessem acesso a cuidados de saúde.

Ver página da missão “Emergência Ucrânia”

Todos os meses, Elina percorre setenta quilómetros que separam Uzhhorod de cidade de Vásárosnámeny, na Hungria, para recolher na farmácia Stella Patika caixas com os medicamentos financiados pela AMI. O início de um longo caminho, porque “quando a guerra na Ucrânia deixar de ser notícia, os ucranianos vão continuar a precisar de ajuda”, defende Fernando Nobre.

Desde o início do conflito, a AMI também enviou medicamentos, equipamento médico e alimentos para as cidades ucranianas Bergszász e Munkács. E em Khmelnitsky, além de cuidados médicos, garantiu apoio legal e orientação profissional a 1.500 pessoas. Uma parceria com a organização não governamental Zakhyst, que representou um investimento de 17.740,00 euros.

Para o presidente da AMI, “enquanto não houver negociações de paz novas e sérias, as regiões da Ucrânia ficarão sujeitas a conflito e a população continuará a procurar refúgio em regiões onde se possa viver, nos países limítrofes ou mesmo em Portugal”.

Como resposta a este cenário, o médico garante que “a instituição vai manter o trabalho com parceiros dentro da Ucrânia, na Moldávia, Hungria ou Roménia”. Em Portugal, os refugiados ucranianos têm acesso a apoio alimentar, cuidados de saúde, apoio jurídico e aulas de português. Um plano onde a sociedade civil tem desempenhado um papel determinante, através de donativos, e que Fernando Nobre mantém como essencial, porque “a capacidade dos países próximos à Ucrânia tenderá a esgotar-se”.

No total, entre nove projetos, a AMI já investiu 186.144,69 euros para levar ajuda humanitária à população ucraniana.

A Organização das Nações Unidas estima que desde o início da guerra, a 24 de fevereiro de 2022, a população da Ucrânia passou de 43,3 para 35,6 milhões.

Começar de novo em português e romeno

Desde março, “a AMI atendeu todos os refugiados que bateram à sua porta e teria sido muito bom se todos quantos já tentaram ajudar tivessem a mesma capacidade”, defende Fernando Nobre. Nos centros Porta Amiga 25.950,74 euros já foram aplicados em ajuda alimentar, habitacional, legal, educativa e no acesso a cuidados de saúde.

“Coimbra é uma das regiões onde a comunidade ucraniana mais se tem concentrado e, sobretudo, encontrado uma resposta organizada e imediata, para retomar as suas vidas”, afirma Paulo Pereira, diretor do Centro Porta Amiga de Coimbra.

No Centro Porta Amiga de Coimbra, as aulas de português representam um ponto forte na integração da comunidade ucraniana. Até ao momento, cinco turmas abrangeram 96 dos 293 refugiados ucranianos (131 famílias).

Para Alina Posokhova e Dmytro Kashkin “aprender um português fluente é essencial”. Sonham ingressar no mercado de trabalho com as mesmas profissões que mantinham na Ucrânia, ela como professora primária, ele como advogado.

Há um ano, o casal despertava em Karhkiv para viver o dia do seu casamento. Naquela manhã, os planos caíram por terra quando chegou a notícia da guerra: a Rússia invadira a Ucrânia e em breve os militares chegariam à cidade. Alguns dias após o início da guerra foram “colocados num autocarro pelos familiares, para fugir o mais depressa possível do que viria a seguir”. O possível recrutamento de Dmytro para combater.

O ensino é uma das bandeiras defendias pela AMI, para a integração dos refugiados ucranianos muito além das fronteiras portuguesas.

Desde o início da guerra, a AMI ajuda famílias ucranianas refugiadas em Oradea, na Roménia, a garantir o acesso a habitação, cuidados de saúde e alimentação. O próximo passo é garantir o acesso ao trabalho e a integração plena das crianças no ensino. Uma barreira que a AMI está a derrubar em parceria com a International Children’s Safety Service, financiando aulas de romeno para 23 adultos e 20 crianças, com um investimento de 8.471,00 euros.

A infância como prioridade

No início do conflito na Ucrânia e até maio de 2022 deram entrada na Moldávia cerca de meio milhão de refugiados ucranianos. Como resposta a esta situação, a Charity Centre for Refugees identificou em Chisinau 250 famílias refugiadas com doentes que seguiam tratamentos médicos de longo-prazo aos quais garantiu acesso a medicamentos, através de vouchers financiados em 9.537,00 euros pela AMI.

De maio a agosto de 2022, em conjunto com a International Children’s Safety Service, a AMI desenvolveu um projeto de proteção de crianças e famílias em situação de vulnerabilidade, em Bihor, na Roménia.

Através deste projeto, no qual a AMI investiu 12.923,00 euros, 400 famílias ucranianas receberam assistência para alojamento, emprego, matrículas em escolas, apoio psicológico e organização de atividades lúdicas para crianças.

Na Hungria, a estação de Záhony é um dos principais pontos de entrada para refugiados ucranianos. Junto a essa estação, a organização CESVI instalou um centro de acolhimento temporário para a transição de famílias e crianças e, com um apoio de 10.736,00 euros da AMI, construiu um parque infantil.

Um ano de guerra, dez ações AMI

9 a 12 de março de 2022​
Medicamentos e kits de higiene para Bergszász, em parceria com a Câmara de Vásárosnamény, na Hungria e a Hungarian Baptist Aid.

15 de março de 2022
Medicamentos entregues em Munkács, na Ucrânia, em parceria com a Cáritas da Hungria.

18 de março de 2022
Doação de refeições ao Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados em Palanca, na Moldávia.

21 de março de 2022
Bens de higiene entregues no Centro EMPATIE, em Tudora, Moldávia.

22 de março de 2022
Início do envio de medicamentos para a Clínica N.º 7 de Uzhhorod, na Ucrânia.

24 e 25 março de 2022
Medicamentos, equipamentos médicos e produtos de higiene para a Fundatia Regina Pacis e Charity Centre for Refugees, em Chisinau, na Moldávia.
Medicamentos entregues no Centro Hospitalar de Stefan Voda, na Moldávia.

Abril de 2022
Medicamentos para a Sociedade de São Vicente de Paulo, na Roménia, Hungarian Baptist Aid, na Hungria.
Entrega de medicamentos à Cáritas Hungria.

Maio de 2022
Projeto AMI e International Children’s Safety Service: aulas de romeno para a comunidade ucraniana refugiada em Bihor.
Centro Porta Amiga de Coimbra abre turmas para ensino de português à comunidade ucraniana

18 a 21 de outubro de 2022
Visita à farmácia Stella Patika, na Hungria, para dar continuidade ao envio de medicamentos para a Ucrânia.
Visita aos centros de acolhimento de Beregsurány e Tiszabecs, na Hungria.

Fevereiro de 2023
Aulas de romeno para famílias ucranianas refugiadas em Oradea, na Roménia.


€186.144,69 investidos até ao momento:

€101.052,31 na Hungria/Ucrânia,

€42.105,70 na Moldávia,

€17.035,94 na Roménia,

€25.950,74 nos Centros Porta Amiga em Portugal.


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