25 anos de intervenção social da AMI no Funchal

Mulheres representam mais de 50% dos pedidos de ajuda

Em 2022, além de assinalar 25 anos, o Centro Porta Amiga do Funchal revela números crescentes nos pedidos de apoio, 335, até ao momento, sendo 56% realizados por mulheres em idade ativa.

Abriu portas em novembro de 1997 e desde então ajudou mais de 11.400 pessoas em situação de pobreza e exclusão social, das quais cerca de 300 em situação sem-abrigo. Desde o início de 2022, são crescentes os pedidos de ajuda que chegam ao Centro Porta Amiga do Funchal.

Esta terça-feira 29 de novembro, de visita ao Centro Porta Amiga do Funchal, o presidente da AMI, Fernando Nobre, faz um ponto de situação sobre a crise social e o apoio necessário à população da Madeira, tendo em conta os números já registados em 2022 pelo Departamento de Ação Social da AMI.

No primeiro trimestre de 2022, o centro apoiou 214 pessoas, das quais 17 pela primeira vez. O segundo trimestre do ano registou o acompanhamento de 246 pessoas, 26 das quais também novos casos. Já no terceiro trimestre do ano, foram 335 as pessoas apoiadas, das quais 29 pela primeira vez.

Ao longo deste período, a maioria dos pedidos de apoio foi realizada por mulheres, 56% no total e 90% das quais em idade ativa, entre os 16 e os 66 anos.

Os serviços mais procurados correspondem ao apoio social em 46% dos casos, que se traduz num acompanhamento prolongado por parte de uma equipa de técnicos com o intuito de construir um plano de melhoria das condições de vida; acesso a refeitório para 26% dos pedidos de ajuda e 20% pediram acesso a vestuário doado, através dos serviços de roupeiro.

Com os pedidos de ajuda alimentar de emergência a aumentar, o refeitório do Centro Porta Amiga do Funchal serviu 1.440 refeições no primeiro trimestre, 1.963 no segundo trimestre e 2.209 refeições no terceiro trimestre. No entanto, 8% da população também foi apoiada com géneros alimentares.

Maioria dos beneficiários estão desempregados

No que diz respeito ao emprego, cerca de 70% das pessoas com mais de 16 anos não exercem qualquer atividade profissional e 56% não têm formação profissional.

Os recursos económicos da maioria dos beneficiários do Centro Porta Amiga do Funchal provêm de apoios sociais como o Rendimento Social de Inserção, que representa 20% dos casos, ou subsídios e apoios institucionais que correspondem a 18%. As pensões e reformas representam 15% e apenas 8% das pessoas têm rendimentos de trabalho, que se revelam precários e insuficientes para fazer face às suas necessidades básicas.

Portugal, África e Ucrânia

Quanto à naturalidade da população apoiada 71% é portuguesa. Nos naturais de outros países observam-se pessoas provenientes de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Brasil, Venezuela, França, Irlanda e Espanha. Num ano marcado pela guerra na Ucrânia registam-se, também, pedidos de apoio de pessoas com naturalidade ucraniana, refugiadas de guerra, que se fixaram na Madeira desde o início do conflito.

Uma porta aberta ao longo de 25 anos

A dinâmica do Centro Porta Amiga do Funchal é refletora dos números registados ao longo de 2022. Todos os dias as portas abrem-se para quem necessita “fazer as suas refeições no refeitório social, recorrer ao serviço de roupeiro, aos balneários, lavandaria, ou procura integrar atividades de animação sociocultural”, destaca Cristina Meneses, diretora do Centro Porta Amiga do Funchal. Paralelamente, “funciona o serviço de apoio e reinserção social, onde ocorrem os atendimentos e acompanhamentos sociais, que podem incluir desde o encaminhamento para apoio alimentar, até ao apoio na procura ativa de emprego.

Uma casa de todos e para todos, “a saúde também é priorizada no Centro Porta Amiga do Funchal, através de um serviço de enfermagem para prestação de cuidados básicos de saúde, sensibilização e prevenção, e parcerias na área da psicologia”.

O trabalho realizado ao longo de 25 anos, em prol dos mais desprotegidos, é o mote para o próximo quarto de século. “O nosso objetivo central para os próximos 25 anos é continuar a acompanhar e orientar as pessoas no sentido de conseguirmos ajudá-las a preservar a sua dignidade, dando respostas adequadas às suas necessidades”, afirma Cristina Meneses.


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