19ª Edição do Prémio AMI – Jornalismo contra a Indiferença

Reportagens de jornalistas da SIC, do Público e da RTP foram distinguidas na 19ª edição do Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença, nesta segunda-feira, dia 22, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Na ocasião, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou profundo reconhecimento aos jornalistas presentes. “Eu não sei o que seja jornalismo, verdadeiro jornalismo, que não se defina contra a indiferença”, afirmou. Ao lado do Presidente da República esteve o primeiro voluntário da AMI, José Lebre de Freitas. Os dois foram homenageados pelo Presidente da instituição, Fernando Nobre.

Sofia Pinto Coelho, da SIC, trouxe a temática da inclusão e da dignidade com a reportagem “Renegados”, que revelou o caso de milhares de pessoas nascidas em Portugal cuja cidadania lhes foi negada. Depois de receber o prémio, a jornalista pediu que “não se esqueçam dessas pessoas”. Em resposta, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o caso da lei da nacionalidade está “para apreciação próxima” no Parlamento.

Sofia Pinto Coelho falou da importância de iniciativas como esta, “sobretudo a da AMI, que tem uma grande visibilidade, já para não falar do apoio financeiro”. A jornalista explicou que as redações têm cada vez menos recursos para investir em trabalhos de maior envergadura, que demoram mais tempo e que vão mais a fundo no tratamento dos temas. “É um grande contributo”, disse.

Joana Gorjão Henriques, do Público, colocou em causa a imagem que Portugal tem de si próprio ao retratar, com base em mais de 100 entrevistas realizadas em 5 ex-colónias Africanas, as heranças do colonialismo e a forma como marcou as relações raciais. A série de reportagens também deu origem ao livro “Racismo em Português – o lado esquecido do colonialismo”, com edição da Tinta-da-China, do Público e da Fundação Francisco Manuel dos Santos. “Foi um trabalho árduo e exaustivo”, lembrou.

À AMI, a jornalista falou da ligação entre os dois casos premiados: “A questão da lei da nacionalidade e de haver uma geração de imigrantes portugueses que nasceu em Portugal e que não tem nacionalidade decorre do processo de colonização e do facto de nós, como país, não termos feito a reflexão necessária sobre o lado violento da nossa história”.

O júri, constituído por Sofia Arede e Sofia da Palma Rodrigues, vencedores da edição anterior, Filipe Vasconcellos, voluntário da AMI, Ana Rosado, Amigo da AMI, e Fernando Nobre, decidiu distinguir também mais três trabalhos com uma menção honrosa.

O primeiro, “Grande Reportagem – Angola”, de Susana André, da SIC, foi reconhecido pela coragem em mostrar a realidade tal como os cidadãos a exprimem. Já o segundo, “Eu é que sou o Presidente da Junta”, de Miriam Alves, da SIC, foi destacado por provar como a política se pode exercer ao serviço das populações no patamar do

poder local. E o terceiro, “Lágrima que deito”, de Mafalda Gameiro, da RTP, foi citado pelo júri como um alerta chocante para a realidade da violência no namoro.

Também participaram da segunda reportagem o repórter de imagem Filipe Ferreira, o editor de imagem Marco Marteleira, com produção editorial de Sandra Cadeireiro e grafismo de Patrícia Reis. Na terceira obra, a imagem é de António Antunes, a edição de Sara Cravina, a pesquisa de Rita Rodrigues e a produção de Cristina Godinho.

Os vencedores receberam um prémio no valor de 7.500 euros e uma escultura da autoria de João Cutileiro. No fim da celebração, o Presidente da República apelou a um mundo que “aprenda a não ser indiferente perante milhões de pessoas que continuam a não ter o direito a viverem e a serem consideradas como pessoas, para o bem da democracia, da igualdade, da liberdade, da fraternidade e da solidariedade”.